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'Celebrou-se pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro', afirma Barroso

Ministro do Supremo que mandou prender amigos e aliados do presidente Temer na Operação Skala fez declaração durante participação no Forum da ONU sobre Segurança Humana, em São Paulo, nesta segunda-feira, 2

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Por Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Atualização:

Luis Roberto Barroso. Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso afirmou, nesta segunda-feira, 2, durante Fórum da ONU sobre Segurança Humana, em São Paulo, que agentes do Estado, empresários e políticos firmaram um 'pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro'.

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O ministro fez a declaração ainda em meio a impacto da Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal por sua determinação na quinta-feira, 29, que prende amigos e antigos aliados do presidente Michel Temer, como o advogado e empresário José Yunes e o coronel da reserva da PM João Batista Lima Filho.

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Durante o evento, Barroso defendeu a ideia de que 'talvez, até hoje', exista um 'modelo padrão de fazer política e negócios' no Brasil que envolve corrupção e superfaturamento de contratos públicos.

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"O agente político relevante indicava o dirigente de Ministério ou da empresa estatal com metas de desvio de dinheiro. O dirigente da empresa estatal contratava por licitação fraudada a empresa que seria parceira no esquema de desvio de dinheiro. A empresa parceira superfaturava os preços para gerar o excedente de caixa que seria distribuído para o agente político que nomeou o dirigente estatal e seus correligionários".

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"A minha análise é de que celebrou-se de longa data, e com renovação constante, um pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro celebrado entre parte da classe política, parte da classe empresarial e parte da burocracia estatal", afirmou o ministro.

Para Barroso, 'o fenômeno não é novo, mas a percepção dele é mais recente e muito aguda'.

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"O Brasil, nos últimos tempos, se deu conta de que nós vivenciávamos uma uma corrupção que era sistêmica, endêmica. Não era produto de falhas individuais, de pequenas fraquezas humanas, era o programa, um modo de conduzir o país com um nível de contágio espantoso, que envolvia empresas públicas, privadas, agentes públicos, privados, membros do congresso, do executivo, da iniciativa privada. Foi espantoso o que aconteceu no Brasil", disse.

O ministro, no entanto, vê uma reação à onda corrupta que vive o país. "Nós estamos fazendo um esforço no Brasil para tomá-lo das mãos das elites extrativistas e devolvê-lo à sociedade para que as pessoas se sintam livres, iguais, participantes, e possam confiar umas nas outras".

Barroso ainda disse que a corrupção 'atrasa o processo de distribuição de renda', 'prejudica a qualidade dos serviços públicos' e 'faz a vida ser pior'.

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