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'Casuísmo político', diz Vanessa Mateus sobre sugestão de Bolsonaro de ampliar quadro de ministros do STF

Presidente da Associação Paulista de Magistrados, mais forte entidade da toga, alerta que não há espaço para alteração legislativa 'com objetivo de diminuir um poder' e ressalta que desconfianças sobre as urnas eletrônicas foram eliminadas com eleições limpas no primeiro turno

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Por Redação
Atualização:
Estátua da Justiça, em frente ao STF. Foto: Dida Sampaio/Estadão

A presidente da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis), Vanessa Mateus, chamou de 'assunto inoportuno' a ideia do presidente Jair Bolsonaro de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal. A magistrada destaca que não se pode fazer uma alteração legislativa 'com o objetivo de diminuir um Poder' e que nenhuma mudança pode se dar com base em 'casuísmo político'.

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Em meio à campanha para o segundo turno, Vanessa Mateus ressaltou ainda que 'desconfianças' lançadas sobre as urnas eletrônicas 'foram absolutamente estancadas por eleições absolutamente limpas'. Segundo ela, os ataques ao sistema eletrônico de votação e à Justiça Eleitoral estão 'esmorecidos e esvaziados'.

A juíza participou, na tarde desta quinta-feira, 13, de reunião almoço promovido pelo centenário Instituto dos Advogados de São Paulo, evento que contou com breve palestra do desembargador Ricardo Anafe, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Sobre a ideia de se mudar a composição do STF, Vanessa Mateus lembrou do princípio da separação dos Poderes, indicando que a organização do Poder Judiciário tem de ser feita por projetos de lei de iniciativa do próprio Poder. "Isso teria que vir do supremo e se não vier do supremo é inconstitucional", diz.

Fora isso, a magistrada pondera que, ainda que a sociedade queira discutir alguma questão relativa ao assunto, 'não pode ser de maneira casuística'. "Porque a composição não agrada uns, agrada outros. Porque cabe mais nomeação para um do que para outros. Isso é do jogo democrático. Nenhuma mudança pode ser feita com base num casuísmo político", diz.

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Vanessa Mateus diz não imaginar que tal tipo de assunto prevaleça no Congresso Nacional. Segundo ela, o Judiciário tem confiança nas instituições, que, 'apesar de jovens já se mostraram muito sólidas'. "Ainda que seja uma conversa aventada, ela precisa passar pelas instituições. E uma proposta casuística, que invade o princípio da separação dos poderes, não passaria pelas instituições. Não imagino que isso gere uma apreensão, insegurança", afirmou.

A magistrada acredita que, passadas as eleições, haja um arrefecimento da tensão que paira inclusive sobre o Judiciário, que 'está muito no foco'. "O Brasil está numa fervura alta, tudo muito polarizado, na iminência de eleger o presidente, dividido entre ideologias. Acho natural que a fervura fique alta, que todo assunto seja explorado numa potência máxima. Acho que passadas as eleições a gente tende a voltar para o seu espaço tranquilamente"

'Segurança jurídica, previsibilidade'

Durante palestra que marcou a reunião-almoço promovida pelo IAB, o desembargador Ricardo Anafe, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, afirmou que a Corte paulistana trabalhou, ao longo de sua história, para melhorar o sistema de Justiça.

"Afinal, nós existimos para servir o Estado", disse, diante de uma plateia de advogados na tarde desta quinta-feira, 13. "O juiz pacifica os conflitos, mas, sem os advogados, os conflitos não chegam a nós", acenou à classe.

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Anafe destacou o tamanho da Justiça paulista, que, segundo ele, é a maior do mundo em volume de processos, representando 27% do movimento do Judiciário nacional. Também apontou redução 'paulatina' no prazo de pagamento de precatórios da Justiça estadual. "O que dá gosto ao juiz é dar efetividade a suas decisões", assinalou.

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Além disso, o magistrado destacou o processo de digitalização dos processos, indicando que a previsão é a de que tal procedimento, na grande São Paulo, seja concluído até outubro. Segundo Anafe, a digitalização é um reflexo da preocupação da Justiça paulista com a 'prioridade' dos advogados.

Outro ponto citado pelo desembargador, no qual a Justiça estadual 'faz a diferença', é na área empresarial, com a criação de câmaras especializadas. Segundo o magistrado, os colegiados uniformizam a jurisprudência, tornando os processos mais breves e resultando em 'transparência, segurança jurídica e previsibilidade'.

Correções

A reportagem informava que o nome da presidente da Associação Paulista de Magistrados (Apagamis) seria Renata Gil. A informação foi corrigida - a presidente da associação é a juiza Vanessa Mateus.

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