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Casos de sucesso da tecnologia blockchain no setor de energia

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Por Tatiana Revoredo e Eduardo Pimazzoni
Atualização:
FOTO: LITION.DE  

Segundo o Relatório "2019 Energy Blockchain Startups Who-is-Who", a Europa ainda é a localização dominante das empresas de Blockchain de energia, sendo sede de 21 das 32 startups no setor, com forte presença na Alemanha, Suíça e Espanha - seguidas pelos EUA, Austrália, Jordânia e Brasil.

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Veremos uma breve análise de projetos implementados nos EUA e na Alemanha, e que já possuem progressos dignos de comemoração.

No estado de Nova York, A LO3 - um case do grupo Exergy em parceria com a Consensys, criou um projeto beneficiando consumidores e produtores dentro de uma comunidade no bairro do Brooklin e se tornou pioneira no uso de blockchain no setor de energia.

Mesmo em fase de testes, o projeto é considerado um sucesso, atraindo gigantes como a Siemens. Este projeto, conhecido popularmente como Projeto "Microgrid" do Brooklin e que utiliza a plataforma de energia aberta TransActive Grid, mantém painéis solares instalados em cinco edifícios localizados em uma comunidade de NY. A ideia, aqui, é que Smart Contracts transformem o excesso de energia produzido e não utilizado em créditos renováveis, posteriormente vendidos para edifícios vizinhos, ou utilizados pela própria comunidade.

Com toda a vizinhança ou região conectada à rede, os dados das transações de cada participante são gravadas e armazenadas dentro do Blockchain. Através de medição inteligente e do blockchain, as transações são realizadas facilmente entre vizinhos. Isto é, a arquitetura blockchain pode criar um mercado comunitário local para energia renovável.

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FOTO: TRANSACTIVE GRID  

Na Alemanha, por sua vez, um dos mais adiantados países onde aplicações blockchain no setor de energia são empregadas com sucesso, há o caso alemão da empresa Lition. Beneficiada pela legislação local e por incentivos do governo alemão, viabiliza a venda e compra de eletricidade entre usuários comuns, garantindo regras objetivas e transparentes a este mercado. O caso da Lition promove um mercado livre entre parceiros na modalidade peer-to-peer (transações diretas), onde Consumidor e Prosumidor (consumidor que também produz energia) realizam transações de compra e venda de energia na rede do Ethereum.

Neste projeto, que conta com a parceira SAP, foram criadas duas redes blockchain que sustentam toda a operação. Os dados públicos passam pela rede do Ethereum (uma das principais plataformas blockchain e a segunda maior rede, atrás apenas do Blockchain Bitcoin), enquanto a parte privada fica a cargo da SAP. Um aplicativo descentralizado (dApp), utilizado pelo usuário, faz o registro na rede e está apto a iniciar as transações. Os dados considerados críticos ficam guardados numa rede paralela privada, completamente segura.

FOTO: SHUTTERSTOCK  

A ideia chave da Lition, ao decidir se juntar com a gigante SAP, é reduzir riscos e preencher as limitações de ordem comercial e técnica à adoção da tecnologia blockchain, ainda existentes, tornando-a atraente ao mercado.

Por que usar soluções blockchain no setor energético

Tal como visto nos casos "Microgrid do Brooklin" e "Lition", as arquiteturas blockchain são capazes de fortalecer o papel dos prosumidores. Permitem interações diretas (peer-to-peer), otimizam custos e ainda aumentam a eficiência de processos, com disponibilização de energia ao consumidor a um preço mais justo.Os participantes podem decidir a que preço desejam pagar, de quem comprar e para quem vender o excedente, tudo isso a partir das transações gravadas no Blockchain.

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A implementação do blockchain no setor energético permite que as pessoas sejam consumidores dessa energia ou revendedores. E como resultado, tem-se uma plataforma multidimensional com o potencial de criar uma sociedade "inteligente" e limpa.

Finalmente, a descentralização de dados no setor energético, proporcionada por aplicações blockchain, significa um ecossistema de dados mais inclusivo.

Considerações finais

Com a digitalização da sociedade, onde praticamente tudo está conectado à internet, a eletricidade apresenta-se como principal foco estratégico de qualquer governo que deseje superar os problemas das megalópoles e os desafios do crescimento populacional.

O uso de blockchain viabiliza uma "nova economia de compartilhamento" de energia, facilitando a troca direta entre residências, com todas as transações registradas em um ledger descentralizado antifraudes, tornando as contas mais baratas.

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Por fim, usar blockchain para registrar toda a dinâmica de oferta e armazenamento de energia renovável, de forma segura e transparente, é a resposta sustentável à crescente demanda de consumo energético mundial.

*Tatiana Revoredo, representante do European Law Observatory on New Technologies, estrategista em Blockchain pela University of Oxford e Business Application pelo MIT. Membro fundadora da Oxford Blockchain Foundation. Cofundadora da Global Blockchain Strategy *Eduardo Pimazzoni, estrategista em Blockchain pela Saïd Business School - University of Oxford e Business Application pelo MIT - Massachusetts Institute of Technology. Membro fundador da Oxford Blockchain Foundation. Cofundador da Cyclicus

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