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Carros de ex-secretário de Cabral são leiloados por R$ 263,9 mil

O ex-chefe da pasta de Obras do Rio, Hudson Braga, acusado de cobrar uma “taxa de oxigênio” de empreiteiros, no valor de 1% de contratos com o Estado, teve dois de seus veículos blindados vendidos pela Justiça Federal

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Por Marcio Dolzan e do Rio de Janeiro
Atualização:

 Foto: Renato Guedes Rocha leiloeiro/Rioleilões

Preso durante a Operação Calicute, uma das fases da Lava-Jato, e aguardando julgamento na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio, o ex-secretário de Obras da gestão Sergio Cabral, Hudson Braga, teve dois carros blindados leiloados pela Justiça Federal nesta quinta-feira, 17. Desde o início da tarde, o homem acusado pelo Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ) de cobrar de empreiteiras uma "taxa de oxigênio" no valor de 1% dos contratos com o Estado não é mais o proprietário de uma Pajero 2014/2015 e de um Toyota Corolla 2015/2016. Os dois veículos foram arrematados por R$ 263,9 mil.

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O leilão judicial aconteceu no auditório do Fórum Federal, no Centro do Rio. Os lances podiam ser feitos pela internet, mas os dois compradores preferiram ir pessoalmente ao pregão. Se o receio deles - um homem e uma mulher - era por uma eventual disputa pelo lance mais alto, puderam sair aliviados. Os dois foram praticamente os únicos a ocupar assentos no auditório, e acabaram arrematando os veículos pelos respectivos valores de avaliação. De forma parcelada, porque não está fácil para ninguém.

Abordados pelo Estado, nenhum dos dois quis se manifestar publicamente. A mulher, nova proprietária da Pajero blindada de cor prata, saiu com a mesma rapidez de seu lance de R$ 159 mil. O novo proprietário do Corolla blindado preto, flex, por sua vez, aceitou conversar rapidamente sobre os motivos que o levaram a comprar o veículo por R$ 104,9 mil. "É a primeira vez que venho a um leilão. Achei o carro e o preço bons", resumiu. Ele não chegou a ver o veículo. "Confiei nas fotos e nas palavras do leiloeiro", contou.

As palavras do leiloeiro Renato Guedes, ditas durante o pregão, apresentavam "um carro em ótimo estado, praticamente novo".  Depois do leilão, que durou cerca de 30 minutos, falou do auditório praticamente vazio.

"É normal. As pessoas que participam de leilões já estão acostumadas, então não querem perder tempo vindo. Elas deixam para ir direto ao segundo. E como agora tem a opção pela internet, muita gente que vinha para o presencial não vem mais", afirmou. "Caiu pelo menos 50% a presença."

A referência ao "segundo" é sobre a próxima etapa do leilão, que acontecerá no dia 28. Os lotes não arrematados nesta quinta poderão ser comprados com lance mínimo até 20% menor que o preço de avaliação. Restaram um Audi Q3 2015 e um Volvo XC 2015. Os veículos, pertencentes a Wagner Jordão Garcia - apontado pelo MPF-RJ como operador financeiro do esquema de Cabral e Braga - são avaliados em R$ 120 mil e R$ 123 mil, respectivamente.

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A expectativa de Renato Guedes é de que no dia 28 mais gente esteja presente. "Hoje até que foi atípico, de quatro bens, vender a metade. Em geral as pessoas vêm no segundo, por causa do desconto", conta o leiloeiro, que tem 10 anos de experiência na função.

Os valores arrecadados são depositados em uma conta judicial, e ficam lá até que os réus sejam julgados - eles recebem o valor caso sejam absolvidos. O leilão foi autorizado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. O motivo de fazer a venda o mais rápido possível é evitar a depreciação dos bens.

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