Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Cármen diz que Judiciário tem 'muitos abacaxis' e ministros são mais conhecidos que jogadores da Copa

Em Belo Horizonte, ministra presidente do Supremo participou de seminário sobre os 30 anos da Constituição Federal e disse que 'juiz brasileiro dorme mal pelo elevado número de processos que tem para julgar'

PUBLICIDADE

Por Leonardo Augusto
Atualização:

Cármen Lúcia. Foto: TV Cultura/Divulgação

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse nesta sexta-feira, 15, que o Poder Judiciário do País tem muitos 'abacaxis' e que o juiz brasileiro dorme mal pelo elevado número de processos que tem para julgar.

PUBLICIDADE

A ministra participou na manhã desta sexta, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, na capital mineira, de seminário sobre os 30 anos da Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988.

Segundo a ministra, a Carta restabeleceu a democracia nas instituições brasileiras. "Nesses 30 anos de vigência da Constituição brasileira, o Poder Judiciário adquiriu um papel muito particular, muito especial para a sociedade brasileira", afirmou.

A ministra avalia que, atualmente, o Poder Judiciário está mais próximo da sociedade. "Tenho visto com muita frequência que os brasileiros conhecem muito mais os juízes do Supremo Tribunal Federal às vezes do que os jogadores que foram para a Copa nesta ocasião".

Para a ministra, isso não acontece apenas com integrantes do STF. E buscou provar isso contando um caso. "Tive a oportunidade de ver isso acontecer no Mercado Central (tradicional centro de compras da capital mineira). Uma pessoa fez referência: 'o desembargador tá ali, comprando abacaxi'. Eu disse assim: no Judiciário já temos tantos, não sei por que comprar mais um".

Publicidade

Cármen Lúcia usou outro relato para falar sobre o número de processos no STF. "Em abril do ano passado em conversa com a ministra (Sonia) Sotomayor, da Suprema Corte americana, eu disse que tínhamos chegado a número mais baixo de processo que nos últimos anos. Tínhamos chegado a 70 mil processos. Agora estamos com 49 mil. E quando discutíamos 70 mil processos ela disse: 'a senhora errou. São 70 processos'. Não senhora, 70 mil". A ministra dos EUA então disse à colega brasileira que a Corte do país tinha julgado 73 processos no ano anterior, e perguntou: 'mas juiz brasileiro dorme?'. "Dorme mal sempre. Porque não é possível dormir com essa responsabilidade, que é a vida do outro entregue em nossas mãos e uma grande espera por direitos fundamentais", respondeu Cármen, conforme seu relato.

A ministra, que é mineira, fez participação de aproximadamente 20 minutos no seminário. A previsão é que a presidente do STF retornasse ainda nessa manhã para Brasília.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.