Por Fausto Macedo, Mateus Coutinho e Julia Affonso
À CPI da Petrobrás nesta quarta-feira, 15, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirmou que sindicância sobre o episódio das escutas está sob sigilo e que nem ele tem acesso às investigações do caso. Ele foi questionado sobre a polêmica envolvendo escutas na cela do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato e preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
"Se ficar comprovado que existem escutas ilegais serão estudadas medidas. É ato gravíssimo escuta ilegal, jamais podem ser feitas. Podem ter absoluta certeza que se ficar comprovado, pouco importando a razão, se a razão era investigar ou outra razão, se estudará medida criminal e instalação de processos administrativos disciplinares. Mas, para isso é necessário que se apure. Caso se comprove (escutas ilegais), havendo comprovação material, seguramente serão tomadas medidas", afirmou Cardozo.
Cardozo afirmou, durante o depoimento, que teve conhecimento do episódio e leu o relato da Polícia Federal sobre o ocorrido. Segundo o ministro, ele estudará medida criminal e disciplinares. "Mas para isso necessário que se apure."
Ele é o primeiro ministro convocado pela CPI da Petrobrás para falar sobre o esquema de corrupção na Petrobrás. Cardozo começou seu depoimento nesta quarta-feira explicando que não cabe ao ministro determinar quem será investigado pela Polícia Federal.
A ida do ministro à CPI ocorre um dia após a PF deflagrar a Operação Politéia, que fez buscas e apreensões nas residências de parlamentares investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento com a Operação Lava Jato.
A Politéia foi duramente criticada por parlamentares. Os agentes federais cumpriram mandados de busca e apreensão envolvendo os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), além do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA) e o ex-deputado federal João Pizzolatti (PP-SC). As medidas foram requeridas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.