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Cadastro Positivo muda cenário do mercado de crédito

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Por Patrick Negri
Atualização:
Patrick Negri. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O Cadastro Positivo está ativo desde 2011, mas somente na semana passada, quando foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, voltou a ser amplamente discutido. O Cadastro Positivo consiste em beneficiar com juros menores o "bom pagador", mas até então não era feito de forma automática. Agora, lojas, bancos, concessionárias e qualquer tipo de empresa com as quais os consumidores tenham uma relação financeira podem ter e disponibilizar informações sobre compras feitas, datas, prazos, valores e pontualidade de pagamento. Dentre tantos debates, é possível que consumidores e empresas se beneficiem dessa norma que, até então, não é obrigatória.

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A estimativa é que a adoção do novo processo injete R$ 1,3 trilhão na economia brasileira, de acordo com os dados da Serasa Experian. Envolve, também, a inclusão de 22,6 milhões de pessoas que hoje estão fora do mercado de crédito. Além disso, há a perspectiva da redução das taxas de juros para 74% das pessoas acima dos 18 anos. Isso tudo significa que todos os envolvidos com a gestão de crédito serão diretamente impactados.

A última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) feita pela Fecomércio-DF, diz que 79,5% dos brasileiros estão com algum tipo de dívida, mas este cenário cultural deve mudar com a nova medida. Os dados de negativação vão ajudar a compor um quadro muito mais amplo e complexo, com a oportunidade de reunir os dados de inadimplência com a de compromissos assumidos havendo assim maior precisão na análise de risco, com possibilidades de maiores acertos e consequentemente a queda na taxa de juros. Com muito mais informações disponíveis, os fatores considerados para o crédito ganharão um bom reforço.

Para que as empresas se beneficiem e aproveitem ao máximo o Cadastro Positivo, elas terão que reavaliar suas políticas de crédito, já que a entrada dessas novas informações em relatórios e outras soluções, exigem uma reavaliação desses processos de análise de risco. Para o consumidor, ele favorece, acima de tudo, a quem mantém o máximo de suas contas em dia, mas vai muito além disso. A partir do momento que os bancos tenham em mãos as informações de endividamento dos clientes, poderão oferecer e criar novas ofertas compatíveis com a real capacidade de pagamento daquele que o procura. O que significa também que mesmo quem está fora do mercado formal de trabalho, mas que ainda exerça atividades diversas extras, poderá demonstrar a sua capacidade de pagar.

Se ainda existe uma ressalva em meio ao debate sobre o acesso às informações, é devido ao receio dessas informações serem compartilhadas ou vazadas indevidamente. As garantias foram dadas e cabe ressaltar que elas serão visualizadas apenas com empresas e bancos a qual o consumidor tenha um relacionamento para negociar taxas, dívidas e enfrentar menos burocracia. Porém, é preciso sempre estar atento e buscar os seus direitos, quando necessário. O mundo evoluiu e o crédito também deve seguir em frente.

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*Patrick Negri, CEO da iugu

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