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Cabral recebeu R$ 2,7 milhões de propina em obra do Comperj

Ex-governador do PMDB preso nesta quinta-feira, 17, alvo da Operação Calicute, pediu 1% de contrato da Andrade Gutierrez para obra de terraplanagem; construção de complexo petroquímico da Petrobrás, no Rio, teve obras dividas por cartel em forma de 'bingo fluminense'

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso , Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Atualização:
 

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), preso nesta quinta-feira, 17, alvo da Operação Calicute, recebeu pelo menos R$ 2,7 milhões em propinas da empreiteira Andrade Gutierrez, entre  2007 e 2011, referente as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobrás.

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"Os valores foram repassados por meio de entregas de dinheiro em espécie, realizadas por executivos da empresa para emissários do então governador, inclusive na sede da empreiteira em São Paulo", informou o Ministério Público Federal, por meio de nota conjunta entre as forças-tarefa da Lava Jato do Rio e de Curitiba - origem das investigações na Petrobrás.

Cabral foi preso alvo de dois mandados: um do juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio, e outro do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba. As delações dos executivos da Andrade Gutierrez confirmaram os pagamentos de propinas mensais ao ex-governador. Ele foi delatada ainda por ex-diretores da Carioca Engenharia.

Ao todo, Cabral é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro em obras do Comperj e outras no Rio como a reforma do estádio do Maracanã e o PAC das Favelas. O prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões. O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foi preso preventivamente. O peemedebista estava em sua casa, no Leblon, e foi levado pela PF sob gritos de 'ladrão'.

 

Moro. A prisão decretada pelo juiz federal Sérgio Moro trata das propinas que Cabral teria recebido nas obras do Comperj, por contrato celebrado entre a Andrade Gutierrez e a Petrobrás. A empreiteira realizou obras de terraplanagem no complexo petroquímico.

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A construção do complexo foi um dos maiores empreendimentos individuais da história da Petrobrás, com valor estimado de investimento em 2012 de US$ 8,4 bilhões.

Localizado no município de Itaboraí, no Rio, o Comperj passou por uma fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU), que chegou a recomendar a paralisação dessa obra "por indícios de sobrepreço no valor de R$ 516,3 mil, que corresponde a 27,6% do valor do contrato".

Durante as investigações da Lava Jato, em Curitiba, a Polícia Federal apreendeu lista de torneio de bingo com divisão de obras no Comperj. O chamado "clube" das empreiteiras criou, segundo os documentos, o "Bingo Fluminense". São tabelas em que pelo menos 16 empresas - todas alvos da Lava Jato - fatiaram entre elas as obras da unidade, por itens contratuais.

 

Nas tabelas, formatadas como planilhas de torneio com pontuação, há divisão de equipes, prêmios, datas e ainda anotações escritas à mão sobre as supostas combinações e registros escritos em computador sobre o fatiamento das obras. Nas planilhas do "clube", as obras ou contratos são registrados como "Prêmio" e as construtoras são as "equipes". Há ainda a identificação de itens que definem "prioridade" e "apoio" - um indicativo de quem era a beneficiada em quem auxiliava nas supostas fraudes.

A obra do Comperj envolveu ainda a Odebrecht, empreiteira que está em processo de acordo de leniência e delação premiada com a Lava Jato. Um e-mail enviado pelo ex-executivo do grupo, Rogério Araújo - preso pela Lava Jato em 19 de junho de 2015, junto com o presidente afastado Marcelo Odebrecht - para quatro executivos, em 4 de outubro de 2007, cita o nome do então governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

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Na mensagem, Rogério Araújo, também alvo da investigação sobre esquema de corrupção e propinas na Petrobrás, trata de um empreendimento de interesse da Construtora Norberto Odebrecht (CNO). Ele fala em 'arranjo' com a participação da Odebrecht. "Petrobras/PR vai conversar com o Governador sobre este novo arranjo com a participação da CNO ( é importante o Sérgio Cabral ratificar! e também definir o seu interlocutor neste assunto que atualmente junto a Petrobrás e Mitigue é o Eduardo Eugenio."

 

 

 

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