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Cabral diz que Pezão foi beneficiado por propina

Ex-governador do Rio disse que seu sucessor e o ex-secretário de obras Hudson Braga ainda prestavam contas, inclusive sobre benefícios a terceiros, o que envolve detentores de foro privilegiado

Por Caio Sartori/RIO
Atualização:

Na foto, dia em que Sérgio Cabral Filho (D) passou o cargo para o vice, Luiz Fernando Pezão (E), durante cerimônia realizada no Palácio Guanabara, sede do governo, em Laranjeiras, na zona sul do Rio. Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO

Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas na tarde desta terça-feira, 27, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral disse que o também ex-governador Luiz Fernando Pezão era beneficiado por dinheiro de propina em contratos da secretaria de Obras. Cabral também afirmou que ele próprio tinha conhecimento da "taxa de oxigênio" cobrada em cima dos contratos. O porcentual, segundo ele, podia inclusive ser maior que o 1% apontado pelo Ministério Público.

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Antes de assumir o comando do Palácio Guanabara, Pezão foi secretário e vice-governador. O Estado ainda não conseguiu ouvir sua defesa.

Segundo Cabral, que está preso desde novembro de 2016, as propinas que o beneficiaram não eram ligadas a médias empresas -- sobre as quais tratavam o depoimento de hoje, ligado a um processo que apura irregularidades do governo com a empreiteira Oriente. Ele alegou que seu esquema era apenas com as grandes empreiteiras.

"Essas empresas médias ficavam no âmbito do Pezão", afirmou. Ele também atribuiu o esquema ao ex-secretário de Obras Hudson Braga, que negou as acusações em depoimento prestado nesta tarde, logo após Cabral.

"Não criei taxa de oxigênio, não cobrei 1%. Nunca. Estão tentando criar uma narrativa para me colocar no centro de algo que eu não participei", afirmou, visivelmente nervoso. Disse ainda que a secretaria foi criada para dar poder político ao governador e ao vice-governador. "Desculpa estar exaltado, é que isso me revolta."

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Cabral comentou que Pezão e Braga prestavam contas a ele, inclusive sobre benefícios a terceiros -- o que incluiria políticos com foro privilegiado. Por isso, segundo o ex-governador, não citaria nomes.

Além de Cabral e Braga, depuseram nesta tarde o ex-coordenador de licitações da empreiteira Oriente Alex Sardinha; o diretor da empresa, Geraldo André de Miranda Santos; e o suposto operador de Hudson Braga, Wagner Jordão Garcia, que foi o único a ficar calado diante de Bretas.

Preso há quase três anos, Cabral tem penas que somam mais de 215 anos de prisão. Ele já foi condenado em dez processos.

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