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Bumlai pediu apoio de Gabrielli para Operação Schahin, relata delator

Fernando Baiano, operador do PMDB na Petrobrás, disse que amigo do ex-presidente Lula recorreu ao então presidente da Petrobrás para contratação de empreiteira em negócio de R$ 1,6 bi

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Por Julia Affonso , Andreza Matais , Ricardo Brandt , Mateus Coutinho e Fausto Macedo
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José Sérgio Gabrielli é ex-presidente da Petrobrás. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, o lobista Fernando "Baiano" Soares revelou detalhes da suposta atuação do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai para a contratação da Schahin pela Petrobrás, para operação do navio-sonda Vitoria 10.000. Fernando Baiano afirmou que Bumlai 'intercedeu diretamente', em 2006, junto ao então presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli para contratação da Schahin. O pecuarista foi preso preventivamente nesta terça-feira, 24, na Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato.

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Fernando Baiano é um dos delatores do esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. O lobista declarou em delação que conheceu Bumlai no final de 2006. O pecuarista o teria procurado para saber se poderia ajudá-lo 'em uma pendência que existia entre ele o grupo Schahin'.

De acordo com o lobista, desde o final de 2004, Bumlai tentava emplacar a contratação da Schahin pela Petrobrás, por causa de um empréstimo contraído pelo pecuarista junto ao banco, que teria por destino o pagamento de dívidas do PT. A Schahin seria a escolhida para operar o Vitoria 10.000, e, desta forma, saldar o débito.

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Em sua delação premiada, o lobista deu detalhes da atuação de Bumlai para viabilizar o acerto da Schahin com a estatal. Fernando Baiano narrou que a contratação ocorreu com questionamentos da diretoria executiva, sobre a capacidade financeira do grupo, e citou influências políticas que levaram à contratação da Schahin.

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"Diante das dificuldades que enfrentaram para colocar a Schahin no negócio, o depoente sempre comentava com Bumlai que talvez precisasse do apoio político dele e que fosse conversado com Gabrielli, para que conversasse com os demais diretores; que nas duas primeiras vezes o depoente não chegou a cobrar de Bumlai quem seriam os interlocutores; na terceira vez, porém, o depoente pressionou Bumlai para que ele acionasse os contatos dele, em especial Gabrielli e o presidente Lula", afirmou Fernando Baiano.

Segundo o lobista, Bumlai respondeu que o depoente poderia ficar tranquilo 'pois iria acionar Gabrielli e o "Barba", que era como Bumlai se referia ao presidente Lula'. "Bumlai disse ao depoente que, assim que tivessem feitos os contatos, iria avisá-lo para que a questão fosse colocada em pauta; que Bumlai posteriormente avisou o depoente que tudo estava certo e que poderia levar a questão à Diretoria Executiva, pois seria aprovada; que Bumlai não citou nomes, mas afirmou que tinha conversado com as "pessoas"; que nesta conversa, ao, contrário da anterior, Bumlai não mencionou quem seriam tais pessoas", relatou Baiano.

Vitoria 10.000. A contratação da Schahin foi alvo de relatório de auditoria da Petrobrás, que contestou os fundamentos técnicos utilizados para escolher a empresa operadora do navio-sonda Vitoria 10.000.

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"Ao indicar a Schahin para ser a operadora do Vitoria 10000, a INTER-DN mencionou o fato de a empresa ser a "detentora dos melhores índices operacionais nas operações de águas profundas na Bacia de Campos". À época, a Schahin operava apenas um navio-sonda (NS-09), com bons índices operacionais", informou o relatório da Petrobrás.

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O documento da sindicância da estatal mencionou ainda a incapacidade econômica financeira da Schahin para honrar um contrato de tamanha magnitude. "A análise da estruturação financeira e societária dos navios-sonda Petrobrás 10000 e Vitoria 10000 indicou que inicialmente não era prevista a realização de Capital Lease Contract (CLC), e, ainda, que a escolha da Schahin como parceira foi discricionária. Ao longo do tempo, a Schahin deixou de honrar os pagamentos do leasing, vindo a solicitar e receber bônus por performance antecipadamente no contrato de serviços de perfuração para liquidar suas obrigações perante à Drill Ship Investments BV (DSI BV)."

COM A PALAVRA, JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI

"Mais uma vez é o disse que me disse de delatores corruptos confessos. O delator diz que ouviu de outro que falaria (note o condicional !) comigo sobre as sondas. Minha posição já foi expressa em depoimento ao Juiz Sergio Moro, em que afirmei que as contratações eram necessárias para o desenvolvimento dos programas exploratórios no Exterior e que as negociações demoraram longos meses porque precisavam estar de acordo com os procedimentos e parâmetros da Petrobras. Repudio qualquer favorecimento à Schahin em contrato com a Petrobras. Se alguém se aproveitou para se apropriar indevidamente de recursos que pague, frente a Polícia e a Justiça."

COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOSÉ CARLOS BUMLAI

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A defesa do pecuarista disse que desconhece a prisão de Bumlai. O criminalista Arnaldo Malheiros Filho, advogado do amigo de Lula, disse que Bumlai está em Brasília para depor na CPI. Malheiros disse que não foi informado sobre os motivos da prisão.

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