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Bumlai é 'mutuante contumaz de bancos que estão à beira de liquidação extrajudicial', diz MPF

Amigo de Lula preso há uma semana pela Lava Jato tomou dinheiro emprestado de pelo menos três bancos que faliram, Schahin, BVA e Rural informa acusação

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Por Ricardo Brandt , Julia Affonso e FAUSTO MACEDO E MATEUS COUTINHO
Atualização:

 

Bumlai foi preso na 21ª fase da Lava Jato. Foto: André Dusek/Estadão

O pecuarista José Carlos Bumlai é um "mutuante contumaz" de instituições bancárias à beira da falência. A afirmação é dos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, que na terça-feira, 23, conseguiu a prisão do amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo central da 21ª fase das investigações, batizada de Operação Passe Livre.

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O procurador da República Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Lava Jato, que aponta Bumlai como intermediador de um empréstimo para o PT, em 2004, no valor de R$ 12 milhões, tomado no Banco Schahin e nunca quitado. Três anos depois, o pecuarista teria atuado para dirigir um contrato de US$ 1,3 bilhão da Petrobrás para o Grupo Schahin.

No pedido de prisão de Bumlai, no entanto, a Procuradoria aponta negócios do pecuarista com outros dois bancos que acabaram falindo: o Banco Rural e o BVA.

 Foto: Estadão

"Por intermédio da quebra de sigilo de dados, constatou-se que José Carlos Bumlai, auxiliado por seus filhos Mauricio, Cristiane, Guilherme e Fernando, aparentemente, é um mutuante contumaz de bancos que estão à beira de liquidação extrajudicial como o Banco Rural e o BVA", afirma o MPF.

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BVA. O caso de maior destaque, depois da operação com o Banco Schahin envolvendo supostamente o PT, é o de empréstimos e valores movimentados no Banco BVA, de R$ 18 milhões em 2012. "Bumlai recebeu empréstimos vultosos do Banco BVA meses antes da intervenção por este sofrida da parte do Banco Central", destacou o juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, no decreto de prisão do pecuarista.

"Embora os créditos não estejam esclarecidos, foi possível identificar pelo menos um empréstimo tomado por José Carlos Bumlai do Banco BVA no valor de R$ 3.817.000,00 em 25 de julho de 2012", registra Moro. Da mesma forma que o empréstimo com a Schahin nunca foi quitado regularmente, o MPF aponta que este empréstimo do BVA deveria ter sido saldado em 72 parcelas, mas somente foram pagas dezenove prestações, no valor total de R$ 596 mil.

 Foto: Estadão

O BVA sofreu intervenção em outubro de 2012, pelo Banco Central, sendo decretada sua liquidação extrajudicial em 19 de junho de 2013. A decretação de falência saiu em 17 de setembro de 2014.

O juiz destaca ainda em sua decisão, informação da Receita Federal de que perante o órgão, Bumlai "não declarou nenhuma operação de crédito com o Banco BVA no ano de 2012". "Tão somente um saldo de R$ 38,06 (trinta e oito reais e seis centavos) em contacorrente nesta instituição financeira, o que reforça a suspeita sobre a operação", afirma Moro, que esclarece em seu despacho que os "fatos necessitam de melhor apuração antes que se possam extrair maiores conclusões".

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 Foto: Estadão
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