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Brasileiros têm vergonha de falar sobre depressão. Por quê?

Por Thaís Sobhie
Atualização:
Thaís Sobhie. Foto: Divulgação

Começo esse artigo com um dado muito importante: No Brasil, a depressão atinge 5,8% da população - taxa que está acima da média global (4,4%), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).  Apesar de ser um assunto cada vez mais abordado, ainda há muita desinformação a respeito da depressão e, acredite, as pessoas sentem vergonha de falar sobre ele.

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Novos dados revelam que 23% dos adolescentes entre 13 e 17 anos enxergam o transtorno mental como um "momento de tristeza" e não uma doença grave, revela pesquisa realizada pelo Ibope. Mas o que mais chama atenção nesse levantamento é que 39% dos adolescentes entrevistados afirmaram que, caso recebessem o diagnóstico de depressão, não revelariam para familiares. O porcentual foi mais alto do que a taxa média verificada entre todas as idades (22%). O mais alarmante é que entre a faixa etária de 25 a 34 anos: 63% das pessoas disseram que não contariam para a família pela vergonha de admitir um quadro depressivo.

É importante ressaltar que a depressão é uma doença com base também neurológica e traz impacto nas relações pessoais e profissionais de um indivíduo. Muitas pessoas não sabem, mas um ser humano deprimido apresenta um alto risco para infarto agudo no miocárdio e AVE, o "derrame", além de doenças cardiovasculares.

O que isso significa? Que a depressão, ao ser uma doença inflamatória, além de impedir que o cérebro funcione da forma correta, causa morte dos neurônios, reduz a produção cerebral de substâncias neuroprotetoras, dificulta a comunicação entre diversas áreas cerebrais e torna o ambiente cerebral "hostil" ao funcionamento fisiológico normal, dificultando que áreas cerebrais evoluídas consigam controlar as regiões cerebrais responsáveis pela agressividade. Como se não bastasse, atinge negativamente o sistema cardiovascular, que estará propenso, ao longo dos anos, ao desenvolvimento da hipertensão, diabetes, elevação do colesterol e triglicérides, aumento da gordura visceral abdominal, até trombose e arritmias cardíacas.

As descobertas levam a relação de pacientes com a depressão para outros patamares, visto que ainda ouvimos muitos dizerem que este tipo de doença mental é "frescura", ou "coisa da sua cabeça", e faz com que se crie um tabu diante do quadro levando pessoas a esconderem o diagnóstico de familiares, colegas de trabalho ou amigos.

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Isso nunca aconteceria com alguma doença cardíaca. Ninguém tem vergonha ou se sente culpada por sofrer um infarto, ou tomar remédios contínuos para a pressão ou qualquer outro problema cardíaco.

Está mais do que na hora de tratarmos depressão e doenças mentais como depressão, ansiedade ou bipolaridade, com a devida atenção e cuidado. Os números já nos alertam para olharmos para estes problemas, que já atingem mais pessoas do que doenças como o câncer, de acordo com dados Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nosso corpo é um só, e responde de forma conectada aos problemas que nos atingem, sejam físicos ou psicológicos. A vida está constantemente nos oferecendo oportunidades de crescimento.  É fundamental enfrentarmos nossos "fantasmas" para transformarmos nossas velhas crenças e padrões de comportamentos em atitudes mais livres e conscientes, para então finalmente, encontrarmos um caminho que nos leve em direção ao equilíbrio e ao sucesso em todas as áreas da vida.

A busca por aceitação e novas compreensões nos possibilita novos caminhos!

*Thaís Sobhie é psicóloga da eCare Group.

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