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Brasil: qual o projeto de país?

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Por Eduardo Fernandez Silva
Atualização:
Eduardo Fernandez Silva. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

O Estadão publicou nesta semana editorial pedindo um projeto para o Brasil. Neste sentido, aqui vai uma contribuição. Há tempos, muitos reclamam da falta de rumo do nosso país. Os "programas de governo" apresentados pelos candidatos não inspiram e não são seguidos. Os seus compromissos, usualmente, são desconhecidos e, com frequência, impublicáveis.

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Porém, não basta termos um "projeto de país". É necessário que ideias nesse sentido sejam construídas mediante um amplo debate que leve a congregar apoios. Para tanto, ela deve conter objetivos críveis e que, em poucos anos, melhorem a qualidade de vida da maioria, principalmente dos mais carentes.

Tivemos, há cerca de dez anos, um projeto para o país que se revelou equivocado: realizar, aqui, a Copa do Mundo e as Olimpíadas! Além de muito roubados, ficamos com elefantes brancos de Norte a Sul. É preciso, pois, que o projeto seja "correto". Também não é "correta" a proposta de "retomar o crescimento". Como já se disse, pode acontecer de "a economia ir bem e o povo, mal".

Um projeto que possa granjear apoios é colocar o Brasil entre os países com melhor qualidade de vida. No entanto, dada a desastrosa situação atual, não é factível colocar o Brasil entre os países com melhor qualidade de vida no prazo de um mandato presidencial. Promessas para daqui a vinte ou trinta anos não motivarão os eleitores.

Mas há objetivos alcançáveis em um mandato e que, bem expressos por uma liderança que não seja da velha política, podem cativar os brasileiros. Um desses objetivos deve ser superar a polarização atual, unir a população. Mas unir em torno de quê? Essa união exige projetos concretos e claros.

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Um projeto de país envolve mais do que se pode apontar em tão poucas linhas, mas as grandes jornadas começam pelos primeiros passos. Alguns exemplos possíveis: 1) renda mínima para todos os brasileiros, da ordem de R$ 400 mensais, viabilizada por uma reforma de tributos que torne a estrutura tributária progressiva; 2) acabar com o lixo espalhado nas ruas, rios, campos e cidades, etapa inicial para dar-lhe destino adequado; 3) pontualidade dos transportes coletivos; após adquirir confiança de que o veículo passará na hora prevista, a população ganhará mais de meia hora por dia; 4) dar a todas as crianças, na faixa dos dez anos de idade, domínio do português, da aritmética, de fundamentos do pensamento científico, de estética e de ética, principalmente no tocante a respeitar os outros.

São objetivos alcançáveis em quatro anos, desde que sejam eleitos para cargos executivos e para os parlamentos pessoas que se comprometam com eles, em busca da contínua melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.

*Eduardo Fernandez Silva, mestre em Economia, ex-diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados e ex-professor da UFMG e da FGV/BSB

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