É nesse contexto que nascem as grandes oportunidades para os empreendedores brasileiros, já que o Brasil possui os recursos necessários para atender às demandas da China. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, viajou para o país asiático e prometeu promover produtos brasileiros, tratar sobre temas sanitários e de investimentos.
A parceria comercial entre Brasil e China vem se tornando cada vez mais lucrativa às empresas brasileiras. Em 2018, as exportações brasileiras aumentaram 35,2% para a China, principal parceiro comercial do Brasil, totalizando US$ 64.205,65 bilhões. Segundo Wang Lei, Diretor do Centro de Cooperação do BRICS e professor da Universidade Normal de Beijing, o volume total de importações da China deve chegar a US$ 8 trilhões em 10 anos.
Além disso, os fluxos de investimentos chineses no Brasil têm aumentado exponencialmente nos últimos anos, abrindo oportunidades para empresas brasileiras para fusões, aquisições e joint ventures com empresas chinesas.
A recente guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, a procura chinesa por produtos que pudessem substituir as importações do mercado americano se intensificou. O aumento das tarifas (imposto de importação) sobre a soja importada pela China dos Estados Unidos causou um aumento dos preços e implicou na diminuição de importações de soja dos EUA. Como a demanda por soja na China é grande e só aumenta, espera-se que busque uma alternativa para suprir suas necessidades e o Brasil, por ser um grande produtor de soja, pode ser uma opção para suprir a crescente demanda chinesa por essa commodity.
O empreendedor brasileiro pode até se sentir intimidado pela complexidade dos setores constantes da pauta de importações do Brasil, que geralmente demandam grandes investimentos, ou até mesmo pela insegurança em relação à sua capacidade de atender tão elevada demanda. Porém, se analisarmos melhor o contexto da China, o empreendedor vai entender que oportunidades não faltam. Há muito espaço para o empreendedor de todos os tamanhos.
Isso por que os chineses nunca tiveram tanta disponibilidade financeira como têm agora, tornando, este o momento ideal para o brasileiro criar necessidades e entrar no maior mercado consumidor em potencial do planeta.
O mercado chinês está de portas abertas em especial para o agronegócio brasileiro. Desde a produção em si, até o desenvolvimento de tecnologias que tragam eficiência para o sistema produtivo.
No caso da agropecuária, pequenos produtores podem se juntar em cooperativas para exportar para a China, desde que cumpram os requisitos sanitários necessários. Assim, conseguirão produzir em larga escala para atender às grandes demandas chinesas, as quais não conseguiriam suprir individualmente.
Há, ainda, muitos produtos a que os chineses não têm muito acesso, mas que podem ser bem aceitos no mercado, como por exemplo, castanhas brasileiras, açaí, frutas locais, sucos, dentre outras.
O importante é que o empreendedor não fique preso à ideia de que precisa produzir exatamente o que está na pauta de importações da China. Como essas atividades principais giram a economia como um todo, o desenvolvimento desses setores cria oportunidades de negócios acessórios, paralelos aos principais, e que se tornam igualmente necessários. Basta que o empreendedor atue em qualquer parte do setor produtivo e, provavelmente, já terá uma grande chance de aproveitar o mercado chinês.
Por exemplo, uma pequena startup que desenvolva uma tecnologia capaz de melhorar a gestão da produção agrícola, reduzindo custos ou aumentando a produtividade, será muito bem-vinda no mercado chinês. Na verdade, provavelmente será adquirida por uma empresa chinesa.
Lembre-se sempre de testar o produto no mercado chinês antes de fazer qualquer investimento. Ademais, busque o auxílio de quem entenda da cultura chinesa, por exemplo, das tradings chinesas e brasileiras que conhecem os processos de embarque de produtos para a China, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil e da seção comercial da Embaixada do Brasil, em Pequim.
Fazer negócios com os chineses não é fácil, dadas as inúmeras barreiras linguísticas e culturais, mas o empreendedor não deve se abalar pelas dificuldades. Elas devem instigá-lo a alcançar os seus objetivos.
Siga em frente, empreendedor, rumo ao novo sonho chinês.
*Luiz Filipe Couto Dutra é advogado, sócio da área de Societário e coordenador do China Desk do escritório Gico, Hadmann & Dutra Advogados e professor convidado de Direito dos Contratos e Litígios Contratuais da pós-graduação do Centro Universitário UniCeub, em Brasília