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Braço direito de ex-ministro levava R$ 30 mil por mês 'no envelope'

Bob Marques, preso na Pixuleco, funcionário da Assembleia de São Paulo, disse que em 2011 'pediu ajuda financeira' ao ex-ministro e recebeu por 'cerca de cinco meses'

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Por Redação
Atualização:

Bob Marques. Foto: Gabriela Bilo/Estadão

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo

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Roberto Bob Marques, braço direito de José Dirceu, disse à Polícia Federal que 'por cerca de cinco meses', em 2011, recebeu R$ 30 mil mensais em dinheiro vivo do ex-ministro-chefe da Casa Civil. Alegou que naquele ano 'pediu ajuda financeira' a Dirceu, então réu do Mensalão, porque seus pais estavam com 'problemas de saúde' e ele em dificuldades financeiras.

Nesta sexta-feira,7, o juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, prorrogou a prisão temporária de Bob por mais cinco dias. Ele foi preso na segunda, 3, na Operação Pixuleco, 17.º capítulo da Lava Jato, cujo alvo maior é o ex-ministro do governo Lula. Dirceu foi preso preventivamente, quando a custódia é por tempo indeterminado.

Bob disse que retirava os R$ 30 mil mensais na JD Assessoria e Consultoria, criada pelo ex-ministro depois que ele foi cassado e perdeu a cadeira na Casa Civil do governo Lula, no rastro do Mensalão.

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'O Zé nunca foi dinheirista', afirma defensor

Bob é funcionário efetivo da Assembleia Legislativa de São Paulo, lotado no gabinete da 1.ª Secretaria, ocupada pelo deputado Enio Tatto (PT) - cuja empresa de contabilidade, em sociedade com a mulher, recebeu pagamentos da JD Assessoria que somaram R$ 1,1 milhão, entre 2009 e 2014.

 Foto: Estadão

Em seu relato à PF, Bob admitiu. "Por cerca de cinco meses, o declarante retirou R$ 30 mil mensais no escritório da JD Consultoria na (Avenida) República do Líbano (zona Sul de São Paulo), conforme disponibilizado por Dirceu e por seu irmão Luiz Eduardo", transcreveu a PF. "Que não se recorda se era apenas Luiz Eduardo quem lhe alcançava o dinheiro, mas que sempre que ia ao escritório perguntava se havia 'algo' para o declarante e, então, recebia o dinheiro."

Bob disse que o dinheiro 'era acondicionado em um envelope'. "A totalidade do dinheiro foi utilizada para custear os cuidados com seus pais, e que acredita possuir documentação comprobatória dos gastos", declarou.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE JOSÉ DIRCEU

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O criminalista Roberto Podval, que defende José Dirceu, disse que não teve acesso ao depoimento de Roberto Bob Marques, mas reafirmou que todas as operações realizadas pela JD Assessoria e Consultoria, do ex-ministro do governo Lula, 'foram absolutamente lícitas, declaradas à Receita, transparentes' - a JD está desativada.

Podval destaca que a JD prestou efetivamente serviços de consultoria para os clientes que a contrataram, inclusive no exterior. Ele sustenta que a prisão preventiva de Dirceu 'é desnecessária' e não tem fundamento jurídico porque o ex-ministro não ameaçou testemunhas e não destruiu documentos da Lava Jato.

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