Com a taxa referencial de juros do Brasil (Selic) a 4,5% ao ano - podendo ser diminuída nos próximos anos -, e a taxa de inflação nos patamares de 3% ao ano, o juro real pago para investimentos que possuem maior segurança está próximo de 1,5% ao ano. Isto significa que se um investidor aplicar dez mil reais do seu dinheiro em um produto, que pague algo próximo da taxa Selic citada acima, o mesmo receberá no final do ano, aproximadamente, apenas cento e cinquenta reais acima da inflação.
Entretanto, mesmo que a bolsa seja um mercado para se buscar mais retorno do que os investimentos de baixo risco, a sua imprevisibilidade pode fazer com que o investidor fique na dúvida quanto ao melhor momento para entrar nesse mercado.
As empresas negociadas na bolsa sofrem a influência de vários tipos de situações. As notícias, por exemplo, acabam aflorando os sentimentos no curto prazo, trazendo euforia e desespero na tomada de decisão. Decisões políticas e a expectativa de novos projetos a serem lançados, são outros fatores que fazem com que o preço das ações oscile em determinados momentos. Estes movimentos são chamados de especulação.
No entanto, muitos investidores ficam presos ao raciocínio de curto prazo, tentando encontrar o ponto exato de entrada na bolsa de valores ou mesmo procurando comprar ações com os menores preços possíveis, para tentar vende-las por valores mais altos e assim realizar os seus lucros. Isso faz com que muitas pessoas caiam na armadilha de tentar prever o futuro. Esse pensamento transforma a bolsa em um jogo de apostas, o que de fato, no final, não é o que ela representa.
As ações da bolsa de valores são a elite das empresas brasileiras, ou seja, as líderes de seus setores. E como em qualquer empresa, caso seus planejamentos estratégicos venham a dar certo, os resultados previstos são os lucros acumulados no período e o crescimento da organização. Este desenvolvimento então é refletido inexoravelmente nos preços das ações, mesmo existindo algum grau de especulação sobre elas. Isto significa que as empresas da bolsa podem ser comparadas a pessoas comuns. Durante toda a vida de um ser humano ocorrem mudanças de curto prazo, como um braço quebrado ou uma promoção no trabalho, mas no final, o que realmente traz "resultados" para cada indivíduo, são seus valores éticos e competências.
Olhando agora para o cenário econômico brasileiro e seu direcionamento, é possível perceber uma mudança surpreendentemente positiva. O foco em eficiência fiscal, privatizações, federalização e desburocratização do país - demonstrado nas reformas pautadas para os próximos anos - em conjunto com uma inflação controlada e juros baixos, têm aumentado, significativamente, a capacidade empresarial de geração de valor para a sociedade, e isto será refletido então nas expectativas da bolsa de valores.
Desta maneira, mesmo que a bolsa tenha alcançado um novo recorde, as empresas que estão presentes por lá, ainda possuem um espaço enorme de crescimento. Isto significa que a janela de oportunidade para a entrada na bolsa, ainda continua aberta e permanecerá assim por muito mais tempo. E aqueles que ficarem de fora terão que se contentar com os baixos rendimentos de produtos mais seguros.
*Gustavo Vaz, assessor de investimentos na Atrio Investimentos