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Boas práticas devem estar presentes na cultura da empresa para não cair no erro do ESG washing

Por Katia Mello
Atualização:
Katia Mello. FOTO: PAULO VITALE Foto: Estadão

Ser uma empresa que segue os princípios ESG (environmental, social and governance) significa a valorização dela diante os seus diversos públicos, unindo olhares atentos a critérios de governança, programas sociais e ambientais. Com a pandemia, uma maior conscientização crítica de investidores e consumidores, além de uma emergência climática cada vez mais próxima, a sigla ganhou força e vimos uma corrida das organizações para implementar iniciativas que mostrem o quão elas estão comprometidas com o desenvolvimento sustentável.

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Mas como diferenciar uma empresa que está realmente preocupada com seus impactos de outra que apenas quer melhorar a sua imagem? Como saber que está comprometida ou é praticante do agora conhecido, ESG Washing.

Para não cair nessa cilada, as empresas devem, primeiramente, identificar a materialidade do negócio, ou seja, definir quais são os temas mais relevantes relacionados às suas atividades. Assim, a agenda ESG tenha credibilidade e crie engajamento "dentro e fora de casa" é preciso fazer sentido, ser coerente, do contrário, não se sustenta.

Outro ponto importante é que meio ambiente, social e governança estão sendo muito discutidos agora, mas na realidade são temas básicos na construção de qualquer sociedade que deseja ser sustentável, bem como das empresas. Por isso, eles devem permear todas as decisões da companhia, estar presentes em todos os setores e não apenas na área de sustentabilidade, como é muito comum. É preciso que esse tema esteja presente em todas as decisões da empresa de maneira genuína. Isso só é possível quando a empresa trabalha a sua cultura, o que nem sempre é um processo fácil, sem dores e também rápido.

Outra questão de atenção é: planejar e prevenir é sempre melhor do que corrigir. É preciso pensar a longo prazo, mas também apresentar o que será feito no presente para que não se torne um discurso vazio. Num mundo ideal, as empresas fariam um plano de contenção, com métricas internas de avaliação para entender o tamanho do impacto esperado em suas iniciativas, com parâmetros unificados. As ações ESG devem estar no dia a dia da gestão e não aparecerem somente para mitigar problemas. Os gestores precisam olhar para o seu impacto no mundo e entender como podem devolver valor para a sociedade, agindo não somente em temas que estejam intimamente ligados ao seu negócio, mas em outros pré-existentes que podem atrapalhar o bom andamento de alguma iniciativa de sustentabilidade se não estiver resolvido.

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E como não poderia deixar de ser, transparência. Não existe a empresa perfeita, de uma forma ou de outra sempre haverá impacto. O que vai diferenciar aquela que genuinamente está em busca de oferecer o melhor para o mundo e não aderir ao clube do ESG washing, é a transparência. Também é importante reconhecer erros e admitir o que precisa ser transformado, trabalhando efetivamente para tal. Qualquer empresa está sujeita a falhas, o importante é identificar e buscar a melhor solução possível para todos os envolvidos.

*Katia Mello, copresidente da Diagonal

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