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Blockchain no mercado de infraestrutura

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Por Tatiana Revoredo
Atualização:
Tatiana Revoredo. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Várias inovações digitais estão surgindo na economia global, que oferecem o potencial de transformar a maneira como os sistemas operam, tornando a infraestrutura, a manufatura, o comércio e a agricultura mais conectados, inteligentes e eficientes.

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Um dos benefícios da promoção da transformação digital é que ela pode levar a novas soluções, desbloqueando possibilidades hoje imprevisíveis.

Isso é especialmente verdadeiro na indústria de infraestrutura, pois o potencial de inovação dentro do setor é grande.

De olho nisto e na aceleração da transição econômica do mercado de infraestrutura, o G20 (abreviatura para Grupo dos 20, criado em 1999 e formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das dezenove maiores economias do mundo, o Brasil inclusive, mais a União Europeia) traçou um roteiro para a infraestrutura cuja principal característica está em apontar maneiras de melhorar o ambiente geral de investimentos em infraestrutura.

Tal roteiro possui como pontos principais uma maior padronização da infraestrutura em toda a cadeia de valor, incluindo padronização contratual e padronização financeira; o uso dos dados para apoiar decisões bem informadas de investimento em infraestrutura; soluções para gerenciar riscos em investimentos em infraestrutura através de uma melhor transparência, identificação ou mensuração de riscos, juntamente com estratégias eficazes de mitigação; e por fim, traduz ganhos de eficiência, identificação e redução de riscos em um custo de capital mais baixo e cobranças de riscos mais eficientes para ativos de infraestrutura.

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Ora, como se pode extrair do narrado acima, as diretrizes traçadas pelo G20, combinadas com o trabalho da OCDE de medição de dados e desempenho e finanças referente a infraestrutura, se encaixam perfeitamente no contexto das estruturas blockchain.

Blockchain, integrada a outras tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial (AI), pode acelerar uma transição econômica nos principais serviços de infraestrutura, fornecendo plataformas sustentáveis e desbloqueando oportunidades ao longo da cadeia de valor.

Em princípio, blockchains podem ser usados para manutenção de registros de transferência de valor (via criptoativos) sem exigir que uma entidade centralizada valide transações.

Em vez disso, tais funções são realizadas descentralizando a rede na qual o registro das transações de valor são armazenadas, possibilitando aos participantes da rede uma "fonte de verdade" única, transparente e imutável.

Os chamados "contratos inteligentes", habilitados pela tecnologia blockchain, permitem a execução automatizada de uma transação quando uma ou mais pré-condições são atendidas, possibilitando potenciais ganhos significativos de eficiência.

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Agora, ativos físicos e digitais podem ser representados como "tokens" de valor nos registros distribuídos compartilhados, permitindo que os tokens sejam negociados diretamente entre os participantes da rede.

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Em essência, tais recursos permitem o uso de criptomoedas (por exemplo, Bitcoin, Ether), bem como registros digitais "tokenizados" (por exemplo, direitos de propriedade, direitos de propriedade física) no contexto do ciclo de vida da infraestrutura, desde financiamento e compras, até licitação e operações.

As ações relacionadas à infraestrutura apresentam, no entanto, alguns desafios.

Primeiro, gargalos de capacidade restringindo as oportunidades de investimento dos governos, levando a um déficit de financiamento em projetos de infraestrutura. A participação dos investidores também é frequentemente limitada devido a desalinhamentos entre o perfil financeiro ou de risco dos projetos de infraestrutura e as demandas dos investidores.

Em segundo lugar, esforços geralmente não transparentes no que diz respeito ao alinhamento com as ações de entidades ou ao cumprimento de normas, incluindo critérios ambientais, sociais e de governança.

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E em terceiro lugar, as decisões de investimento, em alguns casos, são tomadas sem considerar o impacto climático.

De todo modo, apesar dos desafios elencados acima e conquanto ainda seja considerada uma tecnologia emergente, a busca por aplicação de estruturas Blockchain como um backbone digital em projetos e operações de infraestrutura tem crescido.

Já há uma infinidade de protótipos em funcionamento e iniciativas colaborativas voltadas para os setores de transporte, energia e agricultura, desenvolvidas com o intuito de aumentar a eficiência-transparência.

Quem sabe, assim como já percebeu o G20, este não seja um bom caminho para o Brasil solucionar os problemas de longa data nos sistemas de infraestrutura que nos assolam de norte a sul?

*Tatiana Revoredo, CSO na The Global Strategy, representante do European Law Observatory on New Tecnologies no Brasil, membro-fundadora da Oxford Blockchain Foundation, especialista em blockchain pela University of Oxford e pelo MIT, e em Ciber Risk Mitigation pela Harvard University

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