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Barroso determina que passageiros internacionais apresentem passaporte da vacina

Ministro torna obrigatório o comprovante de imunização para entrar no Brasil; decisão fala em ‘omissão parcial’ de ‘autoridades negacionistas’

Por Guilherme Pimenta , Rayssa Motta/São Paulo e Wesley Galzo/Brasília
Atualização:

Passageiro passa por fiscalização no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Foto: Wilton Júnior / Estadão

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou neste sábado, 11, que os passageiros internacionais apresentem comprovante de vacinação para entrar no Brasil. Em sua decisão, o ministro menciona a gravidade da pandemia, sobretudo 'com a existência de autoridades negacionistas'.

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A ordem foi dada em uma ação movida pelo partido Rede Sustentabilidade, que acusa o governo de 'omissão' por não revisar as restrições para desembarques internacionais, como recomenda a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"A presente decisão não envolve um juízo quanto a preferências políticas do Judiciário, mais sim uma avaliação acerca da compatibilidade das medidas adotadas pelo Executivo com o respeito a tais direitos, tendo em vista uma pandemia que já matou mais de 600.000 (seiscentos mil) brasileiros e a existência de autoridades negacionistas da sua gravidade", escreveu o ministro.

A decisão passa a valer a partir da notificação dos órgãos do governo envolvidos no controle das fronteiras - Ministérios da Casa Civil, Justiça, Saúde e Infraestrutura. A comunicação oficial deve sair do STF na segunda-feira, 13.

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Os viajantes que não puderem comprovar a imunização serão impedidos de entrar no País. Barroso levou em consideração o avanço da variante Ômicron. Sete casos da nova cepa já foram confirmados em território nacional.

"Todos os dias milhares de pessoas ingressam no Brasil por meio dos modais aéreo e terrestre, de modo que, a cada dia de não exigência de comprovantes de vacinação ou de quarentena, agrava-se o risco de contágio da população brasileira, podendo-se comprometer a efetividade do esforço de vacinação empreendido pelo próprio país", diz um trecho da decisão.

Barroso também observou que o passaporte da vacina poderá ser substituído por quarentena obrigatória para viajantes considerados não elegíveis para vacinação, por recomendação médica, ou para turistas vindos de países onde não houver imunizantes disponíveis.

Barroso: "Passamos de um país querido e admirado internacionalmente a um país olhado com desconfiança e desprezo". Foto: Gabriela Biló / Estadão

A decisão liminar ainda vai passar pelo crivo dos demais ministros no plenário virtual. Barroso pediu uma sessão extraordinária, com início e fim na próxima quarta-feira, 15, para o colegiado analisar o tema e julgar se mantém ou não as novas regras determinadas por ele. O tribunal entra em recesso no próximo dia 17.

"A situação é ainda mais grave se considerado que o Brasil é destino turístico para festas de fim de ano, pré-carnaval e carnaval, entre outros eventos, o que sugere aumento do fluxo de viajantes entre o final do ano e o início do ano de 2022", defendeu Barroso.

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No final do mês passado, a Anvisa divulgou uma recomendação para que viajantes que cheguem por via aérea apresentem o comprovante vacinação completa e façam um teste RT-PCR ou de antígenos. A agência reguladora também sugere que passageiros que não tiverem tomado duas doses ou a dose única cumpram pelo menos 14 dias de quarentena.

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Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se exaltou ao comentar pressão da Anvisa por mais restrições nas fronteiras como estratégia para conter impactos da Ômicron.

"Estamos trabalhando com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, porra? De novo vai começar esse negócio?", questionou o presidente na terça-feira, 7, quando voltou a defender o tratamento precoce contra a covid-19, que não tem comprovação científica.

Bolsonaro também xingou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que defendeu adotar o passaporte de vacina no Estado a partir do dia 15. "Já um governador aqui da região Sudeste quer fazer o contrário e ameaça: 'ninguém vai entrar no meu Estado'. Teu Estado é o cace... porr..!", gritou o presidente.

Apesar das declarações de Bolsonaro, o governo federal sinalizou que passaria a exigir, a partir deste sábado, o passaporte da vacina ou uma quarentena de cinco dias para viajantes não-vacinados, mas a medida foi adiada em uma semana após o ataque hacker aos sistemas do Ministério da Saúde. A invasão tirou do ar dados de vacinação contra a covid-19 de usuários que acessam a plataforma Conecte SUS.

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