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Atenção, promoção e prevenção: as palavras de ordem para a transformação do setor de saúde

Por Carla Biagioni
Atualização:
Carla Biagioni. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Não é de hoje que a saúde suplementar encara um desafio enorme: como garantir o melhor atendimento ao beneficiário, permitindo que o indivíduo usufrua dos enormes avanços técnicos e tecnológicos da medicina, mantendo os custos do serviço sob controle? A resposta pode parecer um paradoxo, mas não é. O essencial é oferecer mais e mais e mais atenção à saúde do paciente.

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A mudança começa pelo vocabulário. Em vez de focar em tratamentos e cura, operadoras, médicos, enfermeiros e outros profissionais devem ter como preocupação principal a prevenção, a promoção e a entrega real em saúde. A preocupação é a saúde - não a doença - e o personagem principal do enredo, o indivíduo, com suas escolhas, hábitos e estilo de vida. A pandemia acelerou a reinvenção do setor. Nos últimos doze meses, evoluímos o equivalente a dez anos - e uma nova saúde corporativa está surgindo, focada na coordenação de cuidados e em modelos abertos.

A inspiração mais forte é a do modelo americano de Accountable Care Organizations (ACO), que passou a ser visto como alternativa para a integração do cuidado à saúde aqui no Brasil. Mais do que mudar a estratégia, porém, é preciso um up-grade no sistema, com a implantação de novas tecnologias e a adoção da gestão integrada, com a convergência de informações para uma base coordenada, conectada à rede de operadores, com escala de acesso que inclui os usuários.

O modelo em vigor nos Estados Unidos, como o nome sugere, é baseado em organizações de atendimento cuja característica principal é a responsabilidade pela coordenação do cuidado estabelecida entre os prestadores de serviços (médicos, laboratórios, hospitais), com uma entrega de qualidade para o beneficiário, no que diz respeito ao cuidado com sua saúde.

O atendimento em atenção primária é um pilar de sustentação da ACO, assim como a interoperabilidade e troca de informações que facilitam a coordenação do cuidado.

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Com a ACO, o acompanhamento  da trajetória do paciente é feito com indicadores chaves (KPIs) estabelecidos para cada serviço; indicadores de satisfação do cliente e mais indicadores de satisfação da experiência vivida no modelo. Ou seja, a mensuração dos resultados é constante durante o percurso. O gestor clínico da ACO é responsável por acompanhar a performance e propor melhorias ao longo do processo, sempre visando o melhor resultado para o cliente final.

Para tropicalizar o modelo, ainda esbarramos em algumas dificuldades: assistência baseada na doença, livre demanda e incentivos desalinhados entre pacientes. Além disso, pesa o  fato de, no Brasil, não termos mais o hábito de procurar um médico que seja o nosso "gestor" de saúde, o  médico de família.

Precisamos evoluir com a integração das informações. Há necessidade de fazer o usuário final - beneficiário e/ou paciente - compreender o modelo, engajar-se na metodologia criada e no atendimento proposto ,entregando realmente valor em saúde para ele.

Apesar dos desafios de coordenação e integração de dados, o futuro se mostra aberto à evolução das ACOs. O modelo vem sendo aprovado como estratégia eficaz para se distanciar do pagamento por volume, além de ser um mecanismo para prestação de contas sobre a qualidade e satisfação do beneficiário.

Se não mudarmos a essência do atendimento e colocarmos o beneficiário no centro de atenção, dificilmente vamos alcançar o resultado esperado: garantir saúde para o beneficiário com atendimento de qualidade e custos adequados.

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*Carla Biagioni, diretora técnica da AsQ

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