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Atenção à primeira infância é o melhor investimento para a vida de uma criança

Por Elisa Mansur
Atualização:
Elisa Mansur. FOTO: MARIANA PEKIN Foto: Estadão

O sonho de qualquer família é que sua criança seja feliz e bem sucedida na escola, no trabalho e na vida, do seu jeito. Mas como podemos ajudá-las a alcançar esse caminho? A resposta é simples: investindo nos seis primeiros anos de vida da criança, período conhecido como "primeira infância".

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O tema tem ganhado atenção na medida em que estudos são realizados no mundo inteiro, traçando uma nova fronteira para o desenvolvimento infantil. Essas investigações aliam pedagogia, psicologia, sociologia, neurociência e até mesmo economia na vida dos pequenos. Aos poucos percebemos uma expansão de consciência de muitas famílias de que o trabalho de formação de um bebê deve começar bem antes de ele frequentar uma escolinha.

Para quem é pragmático, vale conhecer o trabalho do professor emérito da Universidade de Chicago e ganhador do Nobel de Economia do ano 2000 James Heckmann. Autoridade mundial quando o assunto é desenvolvimento humano e primeira infância, ele coordenou um estudo que calculou uma espécie de "retorno sobre investimento" de cada dólar investido em educação de alta qualidade para crianças do nascimento até 5 anos de idade, principalmente em situação de vulnerabilidade econômica e social.

E esse retorno é alto: 13% ao ano.

Se investir em primeira infância fosse um título de mercado, ele figuraria na lista como opção de rentabilidade interessante em um contexto que vivemos de juros baixos e incertezas econômicas. Mas seria uma comparação insuficiente, que acaba deixando de lado fatores relevantes.

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Pois quando se fala no tamanho do ganho de investir tempo, dinheiro e dedicação na formação de uma criança durante os primeiros anos de vida, o retorno que Heckmann considera para chegar nesse índice tem a ver com aspectos de remuneração, produtividade, saúde e até mesmo criminalidade.

Entre os retornos que a sociedade recebe quando investe em primeira infância está a formação de uma futura mão de obra bem mais produtiva com profissionais qualificados, com mais anos de estudo e flexíveis para o mercado de trabalho. Afinal, o mercado tem evoluído rapidamente ao longo dos anos, inclusive com novas profissões surgindo.

Além disso, os experimentos realizados pelo mundo com comunidades em vulnerabilidade social e econômica, inclusive no Brasil, apontaram que até mesmo o número de prisões diminui em um ambiente onde, infelizmente, a criminalidade é alta. Mas é importante ressaltar que a alta qualidade dos programas de cuidados e educação infantil são essenciais para garantir tais resultados.

Diante dessa informação, é possível afirmar que os seis primeiros anos de vida de uma criança são considerados as raízes de um capital humano em formação. A cada novo estudo a respeito do tema, mais se tem a certeza de que todas as habilidades e características de um adulto têm origem ainda quando ele estava aprendendo a andar, falar e pensar criticamente.

Cada pesquisa nova aponta que o melhor que famílias têm a fazer com a criança nos seus seis primeiros anos de vida é simples: criar oportunidades para ela aprender por meio da brincadeira.

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Em uma época em que ainda precisamos tomar certos cuidados como isolamento social em razão da pandemia, é um desafio para a criança ter que desenvolver dentro de casa o mesmo que ela desenvolveria com interação social com outras crianças. Mas como há um ditado de que "com crise se cresce", percebemos que a tecnologia protagoniza um importante papel nesse processo.

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Com deslocamentos restritos, o uso de aplicativos e ferramentas lançados por edtechs (startups da área de educação) se tornaram importantes aliados para auxiliar famílias com crianças em casa. Ao invés de substituir interações de qualidade, a tecnologia deve ser parceria das famílias e das cuidadoras na promoção de momentos de brincadeira que estimulam o desenvolvimento da criança.

Ao buscar essa solução, é fundamental procurar saber quem são e quais as formações das pessoas que elaboraram as sugestões de brincadeiras, bem como qual o propósito de cada atividade lúdica proposta. Trata-se de mais um passo (e de um investimento de recursos) nessa caminhada de desenvolvimento infantil, inclusive em parceria com a creche ou a pré-escola, principalmente a partir dos 4 anos quando a matrícula é obrigatória.

Investir nessa fase traz o melhor retorno sobre investimento, e ainda com uma diferença: quem ganha não é apenas quem investiu ou quem recebeu o investimento, mas também a sociedade como um todo. Transformar nossas crianças em adultos felizes depende diretamente das oportunidades que damos para elas durante a primeira infância.

*Elisa Mansur, cofundadora da Carinos

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