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Associação Médica Brasileira recebe 2,5 mil denúncias sobre falta de equipamentos de proteção

Entidade levantou que maior parte dos relatos se concentra em hospitais paulistas; em mais de 75% dos estabelecimentos denunciados há relato da falta de pelo menos três dos EPIS

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

 Foto: Pixabay

"Funcionários são ameaçados para trabalhar sem uso de EPI, a máscara não é distribuída para os pacientes sintomáticos", diz um médico de Jandira, no interior de São Paulo. Outro, do Rio, relata: "Atendo em sala sem janela, sem insumos, sem limpeza efetiva e sem máscaras cirúrgicas no setor". Em Uberlândia, no interior de Minas, 'negam EPI aos médicos/residentes e aos internos que entram em contato direto com paciente'. "Um absurdo", diz outro profissional da Saúde.

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A Associação Médica Brasileira afirma ter recebido, até 23h deste domingo, 2.513 denúncias sobre falta de Equipamentos de Proteção Individual contra o coronavírus, em 520 municípios pelo País, em meio à pandemia do coronavírus.

Neste domingo, o Estado revelou que, com o déficit de profissionais - principalmente no SUS - e falta de equipamentos de proteção para médicos e enfermeiros, o País corre o risco de sofrer um apagão de trabalhadores da saúde caso o surto de coronavírus atinja proporções como as da Itália, Espanha e Estados Unidos.

Segundo a entidade, a 'ação de acolher queixas de médicos teve início com a campanha de orientação da AMB sobre segurança e protocolos no combate ao coronavírus, quando diversos médicos relataram à entidade a falta de condições adequadas de trabalho, com alta exposição ao vírus'.

Segundo o levantamento, 'em mais de 75% dos estabelecimentos denunciados há relato da falta de pelo menos três dos EPIS'. "Em mais de 30% dos casos, todos os EPIs estão em falta".

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Equipamentos de Proteção Individual (EPI) são a classificação para máscara tipo N95 ou PFF2, óculos e/ou face shield; luvas, gorro, capote impermeável e álcool gel 70%. A AMB alerta que 'máscaras cirúrgicas não são eficientes para esse tipo de situação'.

"Álcool em gel é reclamação de mais de um terço das denúncias (35%) e máscaras faltam em quase 90% dos estabelecimentos denunciados. Óculos e/ou face shield (72%), capote impermeável (65%), gorro (46%) e luvas (27%) são os itens que mais faltam em hospitais e unidades de saúde", afirma a entidade.

"Para dar tranquilidade aos colegas, garantimos o anonimato dos denunciantes, que expuseram seus relatos sobre os mais de 1.200 estabelecimentos denunciados pela plataforma criada pela AMB "http://www.amb.org.br/coronavirus". Impressionante constatar que falta até álcool em gel em 35% dos estabelecimentos denunciados", comenta Lincoln Ferreira, presidente da AMB.

O estado de São Paulo é a unidade da federação que teve o maior número de denúncias (855) e também o maior número de municípios denunciados (109). A capital paulista é a cidade cujos estabelecimentos foram mais denunciados, com quase 25% (250) das denúncias do estado, seguida por Caçapava (59) e Santos (31). As outras oito cidades com mais queixas são Rio de Janeiro (148), Porto Alegre (128), Brasília (73), Belém (63), Belo Horizonte (48), Recife (36), Teresina (31) e Campo Grande (31).

O estado do Rio de Janeiro concentra 273 queixas, com a capital fluminense no topo, com 150, junto com Duque de Caxias (12) e Nova Iguaçu (9). Minas Gerais e Rio Grande do Sul aparecem na sequência como os estados com mais denúncias, com 262 e 218, respectivamente. Na região Norte, Belém, no Pará, é o munícipio com mais relatos, com 64 ao todo.

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"O quadro é grave e não podemos ficar de braços cruzados. Precisamos mostrar onde os médicos estão ficando expostos e pressionar as autoridades para resolver os problemas o mais rápido possível, pelo bem da população brasileira e dos médicos que estão na linha de frente", alertou Lincoln Ferreira, presidente da AMB.

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