Ao pedir autorização ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, para tomar o depoimento do presidente Michel Temer (PMDB) nos autos da Operação Patmos, o procurador-geral da República Rodrigo Janot apontou o que considera 'confissão espontânea' nos pronunciamentos públicos do peemedebista sobre a gravação feita pelo executivo Joesley Batista, da JBS, no Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março.
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10 VEZES CONFISSÃO ESPONTÂNEAO áudio revela que Joesley fez uma narrativa sobre crimes praticados por ele, como pagamento de mesada de R$ 50 mil para o procurador da República Ângelo Goulart e mesada milionária para Eduardo Cunha, em troca do silêncio do ex-presidente da Câmara. Ao ouvir do executivo que estava 'segurando' dois juízes, Temer comentou 'ótimo, ótimo'.
Ao dar sua versão sobre a conversa com Joesley, o presidente não negou que o tenha recebido no Jaburu. Alega, porém, que o áudio foi 'adulterado, manipulado'.
Janot embasou sua solicitação ao Supremo em decisão da própria Corte na qual o ministro Gilmar Mendes 'enfrentou' mandado de segurança da ex-presidente Dilma Rousseff no qual questionava a validade das gravações de telefonema entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2016.
"Colhendo os mesmo argumentos da decisão do Mandado de Segurança nº 34.070/DF verifica-se que houve confissão espontânea quanto à existência do encontro não registrado no Palácio do Jaburu e do dialogo entre Michel Temer e Joesley Batista. Por outro lado, também há confissão espontânea nos pronunciamentos do Presidente da Republica, dentre eles podemos citar: o diálogo sobre possível corrupção de juízes; o diálogo sobre a relação de Joesley com Eduardo Cunha; o diálogo em que Michel Temer indica Rodrigo Loures para tratar com o colaborador Joesley Batista", afirma.
Em relação ao depoimento de Temer, Janot disse a Fachin que a oitiva deve acontecer "nos moldes a serem definidos por Vossa Excelência [Fachin]".
Janot também pediu autorização para tomar os depoimentos do senador Aécio Neves (PSDB/MG) e do deputado Rocha Loures (PMDB/PR). O procurador afirma que, por haver investigados presos -- Andréa Neves e Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, irmã e prima de Aécio, e Mendherson Souza Lima --, o prazo para a conclusão da investigação por parte da Polícia Federal e da própria apresentação da denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR) é mais curto.