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'Asset hacking' durante a pandemia

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Por Leandro Franz
Atualização:
Leandro Franz. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Apenas três meses após infectar a primeira pessoa, a covid-19 levou a um efeito dominó que destruiu a economia global e modificou o dia a dia em todos os continentes. Estamos presenciando o verdadeiro exemplo de efeito-borboleta.

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Mas o que isso tem a ver com asset hacking? Aliás, o que significa esse termo?

Asset Hacking Strategy nada mais é do que apoiar seu modelo de negócio, ou sua proposta de valor, em ativos de terceiros, reduzindo assim seu risco e custo de capital (dívida e investimentos).

E é exatamente isso que a covid-19 faz. Ele não cresce nem sobrevive sozinho. Depende dos ativos das células humanas (DNA e organelas) para se replicar e continuar sua viagem.

Mas o que isso tem a ver com economia? Tudo!

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A ação desse vírus já levou a diversos exemplos de Asset Hacking pelo mundo nas últimas semanas. Para citar só alguns:

1. Para dar conta da demanda, governo espanhol estatiza hospitais privados. Com isso, utiliza os ativos de terceiros para prestar seus serviços à população. 2. Governo americano aciona "Lei de Guerra" para forçar GM a produzir respiradores em suas fábricas. 3. AmBev, voluntariamente, hackeia sua própria fábrica (ou melhor, o capital de seus acionistas) para produzir e doar álcool gel em larga escala. 4. Empresas reduzem despesas com posições em coworkings e escritórios (além de limpeza, internet e até café) passando sua força de trabalho para home office. Com isso, hackeiam ativos de seus funcionários para continuar as atividades. 5. O Pacaembu e o Anhembi alteram sua função social e se transformam em hospitais de campanha com 2 mil novos leitos emergenciais.

Detalhe importante: asset hacking não é necessariamente ruim. Muitos exemplos, como da lista acima (exceto o próprio vírus), trazem benefícios para os dois lados.

Outro ótimo exemplo é a Uber, que hackeia os ativos privados (carros, combustível, gastos com seguro, etc), mas possibilita flexibilidade e renda para pessoas temporariamente sem emprego.

Agora, em termos práticos, como você pode sair na frente e utilizar o asset hacking durante a crise do coronavírus?

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Seguem três reflexões iniciais:

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1. Sua empresa possui alguma fábrica, espaço, sistema, equipe, área, processo que apoiava um objetivo antes e que agora seria mais útil viabilizando outro? 2. Quais ativos, tangíveis e intangíveis, que você tem à disposição e podem ser hackeados temporariamente para impulsionar a performance? 3. Quais ativos de clientes e fornecedores, ou de possíveis parceiros, podem ser alvo de asset hacking e construir valor para sua empresa? Seria uma situação de "ganha-ganha"?

O momento pede criatividade e agilidade, mas as respostas das questões acima podem até transformar seu negócio de maneira permanente. Quem sabe não surge uma oportunidade de pivotar seus objetivos?

Descubra (metaforicamente) o que antes servia para o futebol e que agora pode ser um hospital em sua empresa.

Está difícil ter criatividade com ativos materiais? Comece pensando nos ativos humanos: que tipo de competências você precisa para quando esse caos passar? Quais cursos algumas pessoas podem fazer para saírem mais fortes e assumirem novas funções num futuro próximo? Como testar pequenos grupos multidisciplinares para trazer soluções que estão fora do radar?

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Se você tem uma grande equipe, alguns colaboradores já estão sobrecarregados nos comitês de crise, mas outros (tão valiosos e motivados quanto os primeiros) provavelmente ficaram mais ociosos.

Aproveite para refletir. O vírus e a crise estão aí. A vacina pode demorar, mas você pode trabalhar no antivírus nesse meio tempo junto com sua equipe.

Basta fazer as perguntas certas e descobrir quais ativos mais valiosos poderiam ser hackeados.

*Leandro Franz, mestre em Economia e sócio da People+Strategy. Colaborou Élcio Brito, Ph.D. e diretor da SPI Integração de Sistemas

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