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Assassinato de Marielle foi reação à atuação política, diz Promotoria

Policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz foram presos nesta terça-feira, 12, pelos homicídios qualificados da ex-vereadora e de seu motorista Anderson Gomes e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras

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Por Julia Affonso
Atualização:

Ronnie Lessa, à esquerda, e Elcio Vieira de Queiroz foram presos nesta terça-feira, 12 Foto: Imagens cedidas pela Polícia/EFE

O Ministério Público do Rio afirmou, em denúncia, que o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, em 14 de março do ano passado, foi uma reação a sua atuação política. O policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz (expulso da corporação) foram presos nesta terça-feira, 12, pelos homicídios qualificados da ex-vereadora e de seu motorista Anderson Gomes e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras da ex-vereadora que também estava no carro emboscado no centro do Rio.

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DENÚNCIA

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"O crime contra a vítima Marielle foi praticado por motivo torpe, interligado à abjeta repulsa e reação à atuação política da mesma na defesa de suas causas", apontou a Promotoria.

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos por volta das 4h desta madrugada na Operação Lume. Os policiais estavam em suas casas.

A Promotoria afirma que Ronnie Lessa efetuou os disparos de arma de fogo. Elcio Queiroz, segundo a investigação, conduziu o carro Cobalt usado na execução.

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"O denunciado Ronnie Lessa foi o autor direto dos disparos e responsável pelo planejamento da empreitada criminosa, tendo organizado prévia e meticulosamente suas etapas e a forma de agir", afirma o Ministério Público do Rio.

"O denunciado Elcio, amigo e compadre de Ronnie Lessa, concorreu dolosa e eficazmente para o crime, na medida em que foi o condutor do veículo Cobalt, placa clonada KPA 5923, utilizado na empreitada criminosa, sendo certo que o auxiliou moral e materialmente visando ao sucesso do crime, aderindo a todas as circunstâncias."

Para os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/RJ), 'a empreitada criminosa foi meticulosamente planejada durante os três meses que antecederam o atentado'.

"Os crimes foram cometidos mediante outro recurso que dificultou a defesa das vítimas, tendo sido Marielle atingida por 4 disparos de arma de fogo na região da cabeça e Anderson, por 3 disparos de arma de fogo nas costas, em ato típico de execução sumária, pelo que não puderam oferecer qualquer resistência", registra a denúncia.

Além das prisões, a operação Lume fez busca e apreensão nos endereços de Ronnie Lessa e Elcio Queiroz para apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munições e outros objetos.

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A Promotoria requereu à Justiça a suspensão da remuneração e do porte de arma de fogo de Ronnie Lessa. Também foi solicitada a indenização por danos morais aos familiares das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho menor de Anderson até completar 24 anos de idade.

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A Operação Lume foi batizada em referência a uma praça no Centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado Lume Feminista. No local, ela também costumava se reunir com outros defensores dos Direitos Humanos e integrantes do Psol. Além de significar qualquer tipo de luz ou claridade, a palavra lume compõe a expressão 'trazer a lume', que significa trazer ao conhecimento público, vir à luz.

"É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia", aponta a denúncia.

Ronnie Lessa mora no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, no Rio. Nas redes sociais, Queiroz é simpatizante do presidente Bolsonaro. Ele curte as páginas oficiais do PSL Carioca, de Flavio Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro.

Élcio Vieira de Queiroz é filiado ao DEM no Rio de Janeiro. Com inscrição registrada em julho de 2011 e ainda ativa, Élcio vota na zona eleitoral 214, no Meier, zona norte da cidade, próximo ao local onde mora e foi preso.

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O presidente Jair Bolsonaro afirmou que "é possível" que o assassinato da vereadora tenha mandantes e que espera que as investigações tenham chegado nesta terça aos reais executores do crime. Ele destacou que não conhecia a vereadora do Rio de Janeiro e completou: "Eu também estou interessado em saber quem mandou me matar". No ano passado, o presidente foi vítima de atentado durante a campanha eleitoral, de autoria de Adélio Bispo.

"É possível que tenha um mandante. Eu conheci a Marielle depois que ela foi assassinada. Eu não conhecia ela, apesar de ser vereadora com meu filho no Rio de Janeiro. E eu também estou interessado em saber quem mandou me matar", declarou.