Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

As sete razões de Palocci para detonar Lula

Ex-ministro respondeu em capítulos a abertura de procedimento ético pelo PT após seu interrogatório na Operação Lava Jato, no qual incriminou o ex-presidente

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Por Julia Affonso
Atualização:

Antonio Palocci. Foto: Andre Dusek/AE

O ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda/Casa Civil - Governos Lula e Dilma) enumerou em sua carta enviado ao PT na terça-feira, 26, sete razões para detonar o ex-presidente Lula. Ao longo de quatro páginas, Palocci respondeu à abertura de procedimento ético instalado pelo partido após seu interrogatório na Operação Lava Jato. Em 6 de setembro, o ex-ministro incriminou o ex-presidente e atribuiu a ele um 'pacto de sangue' de R$ 300 milhões de propina com a Odebrecht.

 

PUBLICIDADE

VEJA AS RAZÕES DE PALOCCI EXPOSTAS NA CARTA HISTÓRICA

"1) Há alguns meses decidi colaborar com a Justiça,, por acreditar ser este o caminho mais correto a seguir, buscando acelerar o processo em curso de apuração de ilegalidades e de reformas na legislação de procedimentos públicos e na legislação partidária-eleitoral, que reclamam urgente modernização.

Lula diz que Palocci quer 'destravar delação para receber benefícios'

O 'cara' de Obama, segundo Palocci

Publicidade

+ ANÁLISE: No reino do petismo, carta de Palocci é um constrangedor grito de 'o rei está nu'

'Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do homem mais honesto do país?'

"Somos um partido ou uma seita?", reage Palocci ao PT

2) Defendo o mesmo caminho para o PT. Há pouco mais de um ano tive oportunidade de expressar essa opinião de uma maneira informal a Lula e Rui Falcão, então presidente do PT, que naquela oportunidade transmitia uma proposta apresentada por João Vaccari, para que o PT buscasse um processo de leniência na Lava Jato.

3) Estou disposto a enfrentar qualquer procedimento de natureza ética no partido sobre as ilegalidades que cometi durante nossos governos, as razões e as circunstâncias que me levaram a estes atos e, mesmo considerando a força das contingências históricas, suportar pessoalmente as punições que o partido julgar cabíveis.

Publicidade

4) Não vejo possibilidade, entretanto, de colaborar no processo aberto pelo partido sobre minhas afirmações quanto às responsabilidades do ex-presidente Lula nas situações citadas por ocasião do interrogatório de 6 de setembro de 2017. Isso porque tais questões fazem parte do processo de negociação com o MPF, e tal procedimento encontra-se envolto em sigilo legal. Foi por isso que naquela oportunidade limitei-me a fatos relacionados àquele processo. Dito isto, declaro minha disposição de responder aos questionamentos do partido sobre qualquer tema,, logo após os prazos legais.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

5) De qualquer forma, quero adiantar que, sobre as informações prestadas em 06/09/2017 (compra do prédio para o Instituto Lula, doações da Odebrecht ao PT, ao Instituto e a Lula, reunião com Dilma e Gabrielli sobre as sondas e a campanha de 2010, entre outros) são fatos absolutamente verdadeiros. São situações que presenciei, acompanhei ou coordenei, normalmente junto ou a pedido do ex-Presidente Lula. Tenho certeza que, cedo ou tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso, como chegou a fazer no "mensalão", quando, numa importante entrevista concedida na França, esclareceu que as eleições do Brasil eram todas realizadas sob a égide do caixa dois, e que em assim com todos os partidos. Naquela oportunidade ele parou por aí, mas hoje sabemos que é preciso avançar na abertura da caixa preta dos partidos e dos governos, para o bem do futuro do país.

6) Ressalto que minha principal motivação nesse momento é que toda a verdade seja dita, sobre todos os personagens envolvidos.

7) Sob o ponto de vista politico, estou bastante tranquilo em relação a minha decisão. Falar a verdade é sempre o melhor caminho. E, neste caso, não posso deixar de registrar a evolução e o acúmulo de eventos de corrupção em nossos governos e, principalmente, a partir do segundo governo Lula."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.