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As novas diretrizes para o consumo consciente e o planejamento financeiro

Por Sheila David Oliveira
Atualização:
Sheila David Oliveira. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

As incertezas econômicas impostas pela grave situação sanitária mundial devido a pandemia do coronavírus (covid-19) vão gerar uma grande revolução na maneira em que o consumidor irá enxergar as empresas que sobreviverem. Não dá para prever quais serão os reais caminhos da economia no mundo, mas certamente teremos curvas crescentes de desigualdade social, fome e até de mudanças climáticas no período pós pandemia. Praticamente todas as famílias e empresas sofrerão algum impacto em 2020.

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O comportamento do consumidor já começou a mudar ao ser afetado pela crise sanitária. Muitos deixaram de ser guiar pelo luxo e o supérfluo e passaram a consumir o necessário para a sobrevivência. E também uma boa parte da sociedade passou a comprar das lojas e empresas locais, para impulsionar o comerciante e o empresário regional. E tem um filtro que também aumentou: os consumidores passaram a "cancelarem" as empresas que não têm um propósito social claro de integração com a comunidade. Ou seja, aquelas companhias que pensam só nos cifrões estão com os dias contados.

O consumidor está mais exigente, sem dúvidas. O produto ou serviço deve ter qualidade, mas também tem que ser ecologicamente correto e socialmente engajado. E essa transição da economia mundial gerada pela pandemia será capitaneada pelo novo consumidor que será mais conectado não só com a tecnologia e suas ferramentas, mas também com uma maior sensibilidade com os movimentos que sejam meramente oportunistas e extrativistas.

Em suma, para as atuais e futuras gerações de consumidores, as empresas e marcas deverão ter um papel não apenas como fornecedores de produtos e serviços, mas também como disseminadores das boas práticas no universo ambiental, social e virtual.

E neste cenário de futuro breve, os novos negócios focados em bem-estar e felicidade terão um grande impacto e serão vetores da nova economia. Serão também importantes na regeneração da economia mundial, com inovações e tecnologias utilizadas para melhorar o bem-estar e a saúde das pessoas e do planeta.

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Nesse contexto ganha corpo a FIB - Felicidade Interna Bruta. Um indicador sistêmico baseado na premissa de que o objetivo principal de uma sociedade não deveria ser somente o crescimento econômico, mas a integração do desenvolvimento material com o psicológico, o cultural e o espiritual. O conceito foi desenvolvido no Butão, um pequeno país do Himalaia, em 1972, elaborado pelo rei Jigme Singya Wangchuck. Desde então, o reino de Butão, com o apoio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), começou a colocar esse conceito em prática, e atraiu a atenção do resto do mundo com sua nova fórmula para medir o progresso de uma comunidade ou nação. Assim, o cálculo da "riqueza" deve considerar outros aspectos além do desenvolvimento econômico, como a conservação do meio ambiente e a qualidade da vida das pessoas.

As principais dimensões para a mensuração do FIB são o bem-estar psicológico e saúde, ou seja, são avaliados com grande peso o grau de satisfação e otimismo de cada pessoa em relação a sua vida, com a prevalência de taxas de emoções tanto positivas quanto negativas, e analisam a auto-estima, sensação de competência, estresse, e atividades espirituais.

Outras importantes mensurações são a governança e o padrão de vida. Na governança a população avalia o governo, a mídia, o judiciário, o sistema eleitoral, e a segurança pública, em termos de responsabilidade, honestidade e transparência. Também mede a cidadania e o envolvimento dos cidadãos com as decisões e processos políticos. Já o chamado padrão de vida leva em conta a renda individual e familiar, a segurança financeira, o nível de dívidas, a qualidade das habitações, etc.

O FIB leva em consideração outros fatores como o uso do tempo, a vitalidade da comunidade, a educação, a cultura e os cuidados com o meio ambiente. Ou seja, é um medidor muito mais completo e complexo que o conhecido PIB- Produto Interno Bruto - que move as centenas de nações espalhadas pelo mundo, inclusive o Brasil. O PIB, um indicador meramente econômico tem um peso gigantesco em todos os passos da sociedade e que aumenta a cada ano a desigualdade e gera um desequilíbrio não só econômico, mais no bem-estar social e psicológico das pessoas.

E a educação financeira será uma peça fundamental para conscientizar os indivíduos sobre o planejamento como ferramenta de equilíbrio financeiro para melhora na tomada de decisões de investimentos e consumos de boa qualidade. Logo a melhora no desempenho para o indivíduo na sua vida financeira, contribui para um bem-estar coletivo, ou seja, as pessoas terão melhores condições teóricas para lidar com imprevisto e oscilações econômicas na vida.

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O impacto jé é visível, uma vez que as empresas estão sendo forcadas a tomar decisões que vão da redução de salário a demissões. E as famílias também estão tendo que exercitar sua cultura financeira para minimiza o impacto das reduções salariais e de recursos para a manutenção do padrão e da qualidade de vida neste momento de crise. A grande maioria da população está tendo que "apertar" o orçamento e a esposa e até filhos estão tendo que assumir uma maior responsabilidade com os gastos mensais.

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E para auxiliar as famílias e empregados atravessarem esse oceano de novas e duras medida financeiras, é interessante que as empresas adotam um programa interno de conscientização à educação financeira para seus colaboradores.

Uma vez que, como cada um de nós, dependendo de suas características humana de pensar, sentir e se comportar, irá refletir e agir neste momento de maneiras diversas. E não há dúvidas de que precisa ter cautela, qualquer que seja o perfil humano. É imprescindível ter uma força pessoal para enfrentar a crise, com bravura, criatividade, curiosidade, esperança, amor de aprender, persistência, prudência, auto-regulação, entre outros. A soma destes fatores poderá ajudar a passar por esta crise repentina com as perdas e os riscos reduzidos, sejam eles financeiros ou emocionais.

*Sheila David Oliveira é sócia e diretora da GFAI Empresa de Planejamento Financeiro

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