Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

As lições da pandemia

PUBLICIDADE

Por Norberto Chadad
Atualização:
Norberto Chadad. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Em tempo algum nas últimas décadas um assunto foi tão debatido quanto o comportamento das pessoas, qualquer que seja a faixa etária, no enfrentamento desta que ainda está sendo um pesadelo mundial.

PUBLICIDADE

Em um tempo em que tudo é confuso e desmotivador, cabe a cada instituição, empresa ou segmento analisar, com bastante critério e isenção, as reações de seus colaboradores, mantendo contato permanente com todos e exercendo cada vez mais uma liderança motivadora e inspiradora.

A grande e esmagadora maioria das empresas fez alguma redução, seja nos salários seja nos benefícios ou no quadro de colaboradores. É surpreendente, no entanto, que muitos profissionais ainda não valorizem o fato de que quem emprega também sofre com os ajustes que foram necessários, não só pelo fato de não dispensar colaboradores ou cortado salários e bônus como, para preservá-los, e manteve o trabalho em home office que é, no mínimo, uma prova de confiança e preocupação com a saúde de todos.

Me pego, muitas vezes, reflexivo sobre como muitas pessoas se acomodaram neste modelo, transformando esta situação em uma possibilidade de permanente descanso e tranquilidade. Em um momento em que todos precisamos nos esforçar um pouco mais, mesmo com as mentes e os corpos muitas vezes cansados, uns trabalham muito por suas carreiras e pelas suas famílias, em um grau de empatia importante para este momento. Já outros, a ficha não cai.

A imprensa noticia que ¼ dos trabalhadores formais teve, desde o início da pandemia o contrato de trabalho suspenso ou a jornada de trabalho reduzida com o consequente corte na remuneração.

Publicidade

Por mais duradoura que seja esta pandemia haverá o momento de retorno à rotina que será penosa para aqueles que estabeleceram para si, uma rotina de "trabalho quando tenho vontade", pois a realidade será outra.

O retorno para estes será muito difícil e eu chegaria a dizer, impiedoso. Submeter-se novamente à rotina do transporte público, ao controle de horário, à obrigatoriedade do trabalho por nove horas ao dia como reza a lei trabalhista causará, sem dúvida, um desconforto enorme àqueles que estabeleceram para si uma rotina totalmente oposta à realidade.

Ilusão pensar que tudo voltará ao "normal" após a pandemia. As relações mudaram, o estilo de vida mudou, os relacionamentos serão diferentes.

O futuro do trabalho não se resume em home office e nem as ferramentas tecnológicas sozinhas serão suficientes. Organização, criatividade, colaboração e aprendizado são elementos fundamentais para nortear as tomadas de decisão no dia a dia.

O trabalho continuará a ser a mola propulsora da realização pessoal e profissional e a perda de ritmo por alguns devido ao trabalho em home office trará uma enorme dificuldade na readaptação à rotina.

Publicidade

Nunca, como nos últimos 12 meses, recebemos tantas publicações versando sobre temas que alertam os profissionais sobre o longo distanciamento - nada saudável - do seu local de trabalho. Existem profissionais que, desde o início do isolamento, não retornaram às empresas onde trabalham, mas são vistos e fotografados em aglomerações e tem, religiosa e pontualmente, seus salários depositados. Parafraseando Winston Churchill "Direitos, todos. Obrigação, nenhuma". Os adeptos desta teoria sentirão naturalmente no retorno os efeitos desta atitude.

PUBLICIDADE

Devemos, mais do que nunca, agir com a razão e cumprir com nossas obrigações profissionais pois, um dia, com esperança de que seja em breve, a pandemia vai acabar e os bons profissionais serão certamente valorizados; e aqueles que apresentaram resultados muito abaixo do esperado serão preteridos em eventuais programas de promoção.

Novamente uma reflexão de Winston Churchill, "não são os mais fortes nem os mais inteligentes, mas os mais adaptáveis à mudança que sobrevivem".

*Norberto Chadad é engenheiro metalurgista pela Universidade Mackenzie, economista pela FGV, Master em Business Administration pela Los Angeles University, mestre em Alumínio e Metalurgia pela Escola Politécnica da USP. Presidente da Thomas Case & Associados e da Fit RH Consulting

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.