O advogado Rodrigo Tacla Duran, principal alvo da Operação Dragão, 36ª fase do caso Petrobrás, deflagrada nesta quinta-feira, 10, está foragido. Seu nome integra a Lista Vermelha de procurados da Interpol. Com dupla cidadania (ele tem passaporte brasileiro e espanhol), seu último registro de saída do Brasil é do dia 11 de abril. Às 21h49, ele embarcou no voo JJ8090, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), com destino a Miami, nos Estados Unidos. Desde então, a força-tarefa da Lava Jato desconhece seu paradeiro.
Flagrado como um dos operadores financeiros fixos do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o chamado "departamento da propina", a Lava Jato descobriu que empresas de fachada e o seu escritório de advocacia movimentaram pelo menos R$ 54 milhões em propinas para outras empresas - algumas já alvos da força-tarefa, como a UTC, a Mendes Junior e a própria Odebrecht. No período investigado, ele viajou 80 vezes para fora do País.
Sob investigação, a Lava Jato conseguiu com o juiz federal Sérgio Moro, dos processos em primeira instância em Curitiba, a quebra de sigilos do advogado e seus negócios. Só da empresa Tacla Duran Sociedade de Advocacia, o alvo recebeu R$ 63 milhões no período sob apuração.
"O que se vislumbra é que a empresa transferia (valores) para o escritório, seu principal sócio, o advogado Rodrigo Tacla Duran, sacava e devolvia em parte para a própria empreiteira", explicou o procurador da República Roberson Pozzobon, da equipe da Lava Jato.
A Lava Jato produziu ainda um relatório sobre o monitoramento das viagens ao exterior de Tacla Durante, com detalhes das 80 viagens feitas no período de 8 anos. Para os investigadores, o advogado era um "elo entre os corruptores e os corrimpidos".
A informação sobre as viagens é relevante para as investigações, porque o advogado é investigado por ser controlador de pelo menos 12 contas secretas em nome de empresas offshores que eram usadas pela Odebrecht para pagamentos de propinas. Pela sistemática descoberta, o operador recebia valores de contas secretas ligadas às empresas, e em operações de dólar-cabo com doleiros e operadores do mercado negro no Brasil disponibilizava recursos em espécie para pagamentos de propinas no Brasil.
As investigações decorrem de outras fazer anteriores. Em relação a Rodrigo tínhamos a monitoração que ele saia do País com bastante frequência. No período dos últimos oito anos realizou cerca de 80 viagens ao exterior com rápido retorno ao Brasil", explicou o procurador da República Julio Noronha.