O Ministério Público Federal elencou 10 evidências de que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) representa um risco às investigações, ao pedir a prisão preventiva do presidente cassado da Câmara dos Deputados. Ele foi preso na tarde desta quarta-feira, 19, em Brasília. São tentativas de intimidar terceiros fazendo uso do mandato parlamentar, afronta às apurações no Congresso e na Justiça Criminal, que abrangem o período dos crimes praticados na Petrobrás, durante as apurações da Lava Jato e no processo de cassação.
"Diversos fatos evidenciaram a disposição de Eduardo Cunha de atrapalhar as investigações, utilizando-se inclusive de terceiras pessoas", informou a força-tarefa do Ministério Público Federal, no pedido feito ao juiz Sérgio Moro, dos processos em primeiro grau da Lava Jato.
Como exemplo, os procuradores listaram 10 evidências:
1) requerimentos no Tribunal de Contas da União (TCU) e Câmara dos Deputados sobre a empresa Mitsui para forçar o lobista Julio Camargo a pagar propina a Eduardo Cunha;
2) requerimentos contra o grupo Schahin, cujos acionistas eram inimigos pessoais do ex-deputado e do seu operador, Lucio Bolonha Funaro;
3) convocação pela CPI da Petrobras da advogada Beatriz Catta Preta, que atuou como defensora do lobista Julio Camargo, responsável pelo depoimento que acusou Cunha de ter recebido propina da Petrobras;
4) contratação da Kroll pela CPI da Petrobras para tentar tirar a credibilidade de colaboradores da Operação Lava Jato;
5) pedido de quebra de sigilo de parentes de Alberto Youssef, o primeiro colaborador a delatar Eduardo Cunha;
6) apresentação de projeto de lei que prevê que colaboradores não podem corrigir seus depoimentos;
7) demissão do servidor de informática da Câmara que forneceu provas evidenciando que os requerimentos para pressionar a empresa Mitsui foram elaborados por Cunha, e não pela então deputada "laranja" Solange Almeida;
8) manobras junto a aliados no Conselho de Ética para enterrar o processo que pedia a cassação do deputado;
9) ameaças relatadas pelo ex-relator do Conselho de Ética, Fausto Pinato (PP-SP);
relato de oferta de propina a Pinatto, ex-relator do processo de Cunha no Conselho de Ética.