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Após Sara divulgar dados de menina estuprada, YouTube encerra canal da extremista por 'violar de Termos de Serviço'

Militante de extrema-direita, que está banida do Twitter e Facebook, teve perfil derrubado também na rede de vídeos; empresa informou que 'tem políticas rígidas que determinam os conteúdos que podem estar na plataforma'

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Por Rayssa Motta e Felipe Resk
Atualização:

 

O YouTube decidiu encerrar o canal da extremista Sara Fernanda Giromini que, nesta terça, 18, já não está mais disponível na plataforma. Ao acessar o perfil, a notificação é de que a conta foi removida por 'violar os Termos de Serviço'.

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Em nota, a empresa informou que 'tem políticas rígidas que determinam os conteúdos que podem estar na plataforma' e que encerra 'qualquer canal que viole repetidamente nossas regras'.

A conta da extremista no Instagram também está fora do ar. O Estadão apurou, no entanto, que não foi a empresa que desativou o perfil - o que só acontece quando um usuário pratica determinado número de violações em um intervalo restrito de tempo. Neste caso, a principal hipótese é que a própria Sara tenha removido a conta.

No último fim de semana, a extremista usou seu canal para expor a identidade de uma menina de 10 anos que ficou grávida após ser estuprada pelo tio. Em seu perfil, divulgou o primeiro nome da criança e o endereço do hospital que faria procedimento para interromper a gravidez, previsto em lei.

Após a divulgação, um grupo de religiosos organizou um protesto na frente da unidade de saúde e chegou a chamar a vítima menor de idade e o médico responsável pelo procedimento de 'assassinos'. Os manifestantes também formaram uma barreira humana para tentar impedir a entrada do profissional no hospital.

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O Ministério Público do Espírito Santo chegou a entrar com ação contra a veiculação de vídeos e informações sobre a criança. No domingo, 16, a Justiça acolheu o pedido liminarmente e ordenou a retirada dos conteúdos em 24 horas.

Integrantes da Frente Parlamentar da Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) também se organizaram contra a divulgação e apresentaram, na segunda-feira, 17, uma notícia-crime pedindo a abertura de uma investigação para apurar o vazamento das informações e exposição da identidade da menina. Os deputados sustentam que Sara violou artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), segundo os quais é proibida a divulgação de qualquer documento, ato, dado ou ilustração que permita a identificação de menores de idade.

Os parlamentares pedem ainda a quebra de sigilo telefônico e digital da extremista para apurar se ela teve acesso aos dados da menina através do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, chefiado por Damares Alves, onde ocupou o cargo de coordenadora-geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade. A pasta nega envolvimento no vazamento.

A militante de extrema-direita, que é investigada nos inquéritos que apuram a disseminação de notícias falsas contra autoridades e o financiamento e organização de atos antidemocráticos, ambos em curso no Supremo Tribunal Federal, também foi banida do Twitter e Facebook por determinação do ministro Alexandre de Moraes. A medida foi justificada pela necessidade de 'interromper discursos criminosos de ódio'. Em razão as investigações, a extremista chegou a ficar presa temporariamente e agora é monitorada por tornozeleira eletrônica.

COM A PALAVRA, O YOUTUBE "O YouTube tem políticas rígidas que determinam os conteúdos que podem estar na plataforma e encerramos qualquer canal que viole repetidamente nossas regras. Aplicamos nossas diretrizes de forma consistente e independente de ponto de vista. Apenas no primeiro trimestre de 2020, encerramos globalmente mais de 1,9 milhão de canais da plataforma. No mesmo período, no Brasil, foram removidos mais de 480 mil vídeos que desrespeitavam nossas políticas."

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COM A PALAVRA, A EXTREMISTA SARA GIROMINI A reportagem entrou em contato com a defesa da extremista e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestações.

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