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Após mensalão e três anos de Lava Jato, modus operandi continuava o mesmo, diz Barroso

Por 3 votos a 2, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu manter na prisão a irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG)

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Por Isadora Peron , Breno Pires , de Brasília , e Luiz Vassallo e de São Paulo
Atualização:

Andrea Neves. Foto: Reprodução

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso ressaltou, nesta terça-feira, 13, em voto favorável à manutenção da prisão preventiva de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que, mesmo depois do julgamento do Mensalão e após a deflagração da Lava Jato, o 'modus operandi' da corrupção continuou o mesmo, 'movido pela certeza de que os que dela se beneficiavam jamais seriam alcançados pela Justiça'.

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Andrea é suspeita de intermediar pagamento de propina de R$ 2 milhões ao irmão, que foi afastado do cargo. Ela foi presa em 18 de maio na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato.

"Tudo isso em meio à maior operação de corrupção jamais deflagrada no País. Tudo a revelar quão grande é o risco para a conveniência da instrução criminal com a colocação em liberdade da acusada. Depois do mensalão, depois de três anos de Lava-Jato, o modus operandi continuava da mesma forma, como se nada tivesse acontecido e como se o risco de serem alcançados pela Justiça inexistisse", afirmou o ministro Barroso.

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Por 3 votos a 2, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu manter na prisão de Andrea. Além de Barroso, foram favoráveis à manutenção dela atrás das grades os ministros Luiz Fux e Rosa Weber. Alexandre de Moraes e o relator Marco Aurélio Mello defenderam a revogação da punição.

"É impossível não destacar o fato de que todos esses comportamentos se deram anos após o julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão) e depois de três anos de vigência da Operação Lava Jato. Vale dizer: o modus operandi da corrupção continuou o mesmo, movido pela certeza de que os que dela se beneficiavam jamais seriam alcançados pela justiça. É preciso restabelecer o império da lei, da lei que vale para todos, independentemente de cargos e da fortuna de cada um" afirmou o magistrado.

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Em deu voto, Barroso ainda destacou a 'habitualidade' com a qual Andrea 'operava'.

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"Neste ponto, de se ressaltar que os diálogos transcritos demonstram que Andrea Neves pediu os R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para o irmão e ouviu de Joesley Batista que aquela operação daria errado caso não mascarassem o recebimento do dinheiro como fizeram na campanha de 2014".

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Investigação.  Segundo um dos depoimentos do delator Joesley Batista, da JBS, Andrea pediu R$ 40 milhões, "que seriam para comprar um apartamento da mãe", no Rio. Nesse contexto, ele explicou que pediu a Aécio a nomeação de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobrás, para presidir a Vale.

O dono da JBS explicou que, com a nomeação de Bendine, "resolveria o problema dos R$ 40 milhões pedidos por Andrea". Mas Aécio, segundo ele, disse que já havia indicado outra pessoa para a vaga, dando a ele a oportunidade de escolher qualquer uma das outras diretorias da mineradora. O tucano teria dito para o delator esquecer o pedido milionário da irmã, pois todos os contatos seriam feitos com ele próprio.

O depoimento de Joesley diz que Aécio teria pedido várias quantias a ele. Chegou, por exemplo, a vender um apartamento superfaturado, de R$ 17 milhões, a uma pessoa indicada pelo senador para passar o dinheiro a ele.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE AÉCIO NEVES

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Nota da defesa do senador Aécio Neves A defesa do senador Aécio Neves reafirma que o dinheiro foi um empréstimo oferecido por Joesley Batista com o objetivo de forjar um crime que lhe permitisse obter o benefício da impunidade penal.

O empréstimo não envolveu dinheiro público e nenhuma contrapartida por parte do senador, não se podendo, portanto, falar em propina ou corrupção.

O senador tem convicção de que as investigações feitas com seriedade e isenção demonstrarão os fatos verdadeiramente ocorridos.

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