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Após fazer a diferença na explosão do home office, computação em nuvem mantém potencial de crescimento

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Por Renato Censi
Atualização:
Renato Censi. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a existência de uma pandemia em 11 de março do ano passado, o mundo estava prestes a passar por uma transformação que hoje, um ano depois, ainda é difícil de dimensionar. Internamente, o entendimento de todos os impactos e consequências da crise é tarefa mais complexa se comparada à de outros países, uma vez que as adversidades seguem, e o Brasil vive um agravamento no número de infecções por coronavírus.

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No entanto, algumas mudanças se estabeleceram rapidamente. A digitalização, que permitiu que as pessoas mantivessem suas atividades de maneira online, foi uma delas. De acordo com dados da pesquisa Gestão de Pessoas na Crise covid-19, elaborada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), em abril, 46% das empresas tinham migrado para o home office.

De maneira quase instantânea, fomos da tradicional reunião presencial para as teleconferências via Zoom. Aqueles que trabalhavam em escritórios tiveram de se adaptar a uma nova rotina que incluía preparar o almoço, ajudar os filhos na aula remota e engajar times a distância. Enquanto isso, as empresas buscavam entender como iriam funcionar, em um exercício contínuo para pensar nos desafios à frente e projetar a repercussão nos negócios.

As companhias que não estavam prontas para a mudança repentina demandaram massivamente as soluções daquelas que construíram negócios voltados para digitalizar processos, serviços e relações. Essas organizações já mantinham seus ambientes de tecnologia em grandes datacenters, prontos para escalar, ou seja, multiplicar suas ações sem aumentar os custos de aquisição de novas tecnologias ou equipamentos. Assim, a computação em nuvem, ou cloud computing, se fortaleceu como a infraestrutura capaz de entregar a agilidade e as soluções necessárias para o momento.

Nuvens públicas gigantes, como AWS, Azure, Google, Alibaba, IBM, Oracle e Huawei, tornaram-se a opção da maior parte das empresas, principalmente por dois fatores. O primeiro deles, a confiança, uma vez que os serviços estariam protegidos de interrupções e invasão. Some-se a isso o fato de as grandes corporações transbordarem solidez e possuírem histórico de confiabilidade. O segundo foi a elasticidade, que significa que se fosse preciso dobrar a capacidade da infraestrutura por um período, voltando ao ponto inicial na sequência, não seriam necessários novos investimentos.

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Grandes organizações dos setores financeiro, farmacêutico, de energia, alta tecnologia e governo fizeram e continuam a fazer grandes movimentos para o que chamamos de nuvem híbrida. Ou seja, mantêm a parte principal de seus serviços em datacenters próprios, explorando aos poucos a construção de ambientes nas nuvens públicas.

Nesse contexto, startups de todos os setores têm mostrado enorme capacidade de concorrer de igual para igual com as grandes organizações. Integração entre desenvolvedores de software e times de infraestrutura (DevOps), agilidade e engenharia de confiabilidade (SRE), por exemplo, são habilitadores para o desenvolvimento de aplicações em microsserviços e as respostas para a necessidade de escalar processos por meio de automação.

A movimentação do Governo Federal, que decidiu centralizar toda a sua demanda por computação em nuvem em um contrato de fornecimento de serviços que chamamos de multi-cloud, fortalece o cenário efervescente do cloud computing. Ou seja, os diversos órgãos podem aderir e usufruir de acesso a duas ou mais nuvens disponíveis. Há uma expectativa de que a iniciativa possibilite a migração de mais de 25 mil recursos computacionais.

A popularização da tecnologia na nuvem, alavancada pela alta demanda de empresas de todos os portes e governo, reforça o quanto os preços da tecnologia devem cair e o quanto todo esse investimento irá puxar o setor para mais investimentos e um número ainda maior de datacenters em nosso país. Em outras palavras, a computação em nuvem, fortalecida pelo papel de destaque que ganhou em meio à pandemia, tem potencial para seguir crescendo como aceleradora de negócios e potencializadora de tecnologias no Brasil pelo menos nos próximos 5 anos.

*Renato Censi, cofundador e CEO da startup Loonar e especialista em cloud computing

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