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Após Barroso dizer que Bolsonaro tem 'dever cívico' de apresentar prova de fraude em eleição, PF mapeia em suas unidades em todo o País denúncias sobre urnas

Direção da Polícia Federal disparou ofícios a todas as 27 superintendências regionais da corporação cobrando dados reunidos desde a implantação do sistema eletrônico de votação; expediente buscou antecipar requisição do Congresso

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Foto do author Rayssa Motta
Por Fausto Macedo e Rayssa Motta
Atualização:

A direção da Polícia Federal enviou ofícios a todas as 27 superintendências regionais da corporação cobrando um levantamento das denúncias de fraudes na urna eletrônica registradas desde a implantação do sistema de votação, na eleição de 1996.

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O expediente encaminhado à todas as unidades da corporação apenas buscou antecipar uma requisição do Congresso, que foi aprovada nesta tarde, e vai chegar na PF.

Os documentos foram disparados na quinta-feira, 17, horas após o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem o 'dever cívico' de apresentar provas de que as eleições de 2018 foram fraudadas. A informação foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão. O expediente, no entanto, foi iniciado antes da entrevista do ministro.

"Se o presidente da República ou qualquer pessoa tiver provas [de fraude] tem o dever cívico de entregá-la ao tribunal e estou com as portas abertas. O resto é retórica política, são palavras que o vento leva", disse Barroso.

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O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Dida Sampaio/ Estadão

A PF justifica o pedido com base na criação da comissão especial instituída na Câmara para discutir a chamada 'PEC do Voto Impresso', de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), e ainda pela 'necessidade recorrente' de consolidar os dados referentes a denúncias de fraudes eleitorais.

Sobre a eleição de 2018, Bolsonaro disse ter provas de fraudes que lhe tiraram uma vitória em primeiro turno. Até hoje, porém, não apresentou qualquer evidência.

O voto impresso é uma bandeira do presidente desde os tempos de deputado. Na prática, o sistema não substituiria a urna eletrônica, mas geraria uma espécie de comprovante físico dos votos para recontagens manuais, o que representaria um custo aos cofres públicos na ordem de R$ 2,5 bilhões ao longo de dez anos. A defesa da proposta costuma vir acompanhada de declarações que colocam sob suspeita o sistema eleitoral eletrônico.

Em um dos episódios recentes, após a invasão ao Capitólio por extremistas inconformados com a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que, se não houver voto impresso em 2022, o Brasil pode ter um 'problema pior'. "Qual foi o problema (nos Estados Unidos)? Falta de confiança no voto. Então lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente que votou três, quatro vezes, mortos votaram", disse a apoiadores no início do ano.

No mesmo dia, após a repercussão da fala, o presidente voltou a comentar o assunto em sua primeira transmissão semanal ao vivo de 2021. "Qual o problema nisso? Estão com medo? Já acertaram a fraude para 2022? Eu só posso entender isso aí. Eu não vou esperar 2022, não sei nem se vou vir candidato, para começar a reclamar. Temos que aprovar o voto impresso", disse ele na live.

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Na ocasião, Barroso declarou que a vida institucional não pode ser palanque e que as autoridades precisam ser responsáveis pelo que dizem. Ao contrário do que defende o presidente, a votação eletrônica no Brasil permite auditoria e todos os anos uma empresa independente é contratada por meio de licitação para periciar a votação.

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