Após o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), falar em 'coincidência' de representantes da Precisa Medicamentos se tornarem investigadas pela Polícia Federal antes dos depoimentos à comissão instalada no Senado, a corporação divulgou nota defendendo sua atuação no inquérito sobre o processo de compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde.
No texto divulgado na tarde desta terça, 13, a PF aponta que a oitiva de pessoas pela corporação não está atrelada a outras investigações em andamento sobre o caso e diz que o trabalho da instituição se dá 'sem perseguições ou proteções de qualquer natureza'.
A referência de Aziz às investigações da PF se deu na sessão da CPI desta manhã, ocasião em que os senadores iriam ouvir a diretora técnica da Precisa Medicamentos Emanuela Medrades. O depoimento, no entanto, foi suspenso, após a farmacêutica informar aos senadores que ficaria em silêncio, não tendo respondido nem mesmo a primeira pergunta do relator Renan Calheiros a respeito de qual é seu vínculo com empresa que representa a fabricante da vacina indiana Covaxin.
"A nossa depoente de hoje, para vocês terem uma ideia, foi ontem ouvida pela Polícia Federal. Foi ouvida ontem. Inexplicavelmente, o sr. (Francisco) Maximiano (sócio da Precisa Medicamentos) se torna investigado um dia antes de vir depor. Inexplicavelmente, a nossa depoente também é ouvida um dia antes de vir depor. Não quero eu fazer aqui qualquer tipo de pensamento de que há um movimento - longe de mim falar isso da Polícia Federal -, mas é estranho para mim, como para muitos outros aqui. Como jabuti não sobe em árvore, nós não podemos entender é como são feitas essas coisas", afirmou Omar.
A indicação de Emanuela, de que ficaria em silêncio perante a Covid, tem como base uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, que autorizou a funcionária da Precisa a não responder questionamentos dos senadores em caso de perguntas que poderiam incriminá-la.
Por outro lado, o presidente frisou no despacho dado nesta segunda, 12, que quanto a fatos fatos supostamente criminosos de que Emanuela seja meramente testemunha, ela teria o dever de depor e de dizer a verdade. A ressalva foi citada por senadores durante a sessão desta manhã e motivou a CPI a oficiar Fux indagando o minsitro sobre os alcances de sua decisão. No documento, os senadores apontaram que a diretora técnica da Precisa reiteradamente se negou a responder perguntas simples. A resposta de Fux sobre o caso deve sair ainda nesta terça.
Leia a íntegra da nota da PF
Sobre a investigação que apura a possível ocorrência de crimes referentes ao processo de compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde, a Polícia Federal esclarece:
1. A investigação atende às disposições constitucionais e legais, o que inclui o prazo regular para a sua conclusão;
2. A produção de provas, sobretudo a oitiva de pessoas que possam contribuir para a elucidação dos fatos, não está atrelada a outras investigações em andamento sobre o caso;
3. A PF possui métodos e estratégias próprios de investigação, devidamente supervisionados pelo Poder Judiciário e reconhecidos nacional e internacionalmente;
4. Instituição de Estado, a Polícia Federal trabalha de forma isenta e imparcial, em busca da verdade real dos fatos, sem perseguições ou proteções de qualquer natureza.