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Após atraso no 1º turno, Barroso comemora 2º turno sem imprevistos e cita Shakespeare: 'Vai tudo bem quando acaba bem'

O ministro destacou que o TSE conseguiu 'neutralizar' as tentativas de cancelamento das eleições por causa da covid-19, o que, segundo o ministro, teria impactos negativos para a democracia

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Por Idiana Tomazelli e BRASÍLIA
Atualização:

Após um primeiro turno marcado por atrasos e ataques hacker, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, celebrou neste domingo, 29, a conclusão do segundo turno de votações para eleições municipais sem grandes imprevistos. Grande parte das capitais teve a apuração concluída antes das 20h.

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"Temos bons resultados para celebrar", disse Barroso em entrevista na sede do tribunal. Ele citou uma passagem de Shakespeare para dizer que 'vai tudo bem quando acaba bem'.

O ministro destacou que o TSE conseguiu 'neutralizar' as tentativas de cancelamento das eleições por causa da covid-19, o que, segundo o ministro, teria impactos negativos para a democracia. A disputa, inicialmente marcada para outubro, foi adiada pelo Congresso na esperança de que a situação da pandemia já estivesse mais controlada.

Na entrevista pós-eleições, Barroso também celebrou o fato de a comissão médica formada para definir os rumos das eleições ter acertado em sua previsão de adiamento para 15 de novembro (1º turno) e 29 de novembro (2º turno).

"Conseguimos realizar as eleições em um momento em que a incidência da doença estava em menos da metade do pico", afirmou.

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O ministro Luis Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral, durante coletiva de imprensa após a apuração das urnas do segundo turno das eleições 2020. 

Voto impresso. Segundo o último balanço do TSE, houve problemas em 713 urnas eletrônicas no País durante a votação, que precisaram ser substituídas. Em apenas uma seção eleitoral, em São Paulo, os eleitores precisaram votar de forma manual.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro criticou duramente as urnas eletrônicas, insinuou que o atual sistema não é confiável e defendeu a apuração pública dos votos. "Eu, como presidente da República, quero voto impresso já", afirmou ele. O presidente também disse ter informações de que houve fraude na eleição nos Estados Unidos, onde Joe Bide derrotou o presidente Donald Trump. Lá, o voto é impresso.

Logo após votar, na Escola Municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar, zona Oeste do Rio, Bolsonaro tirou a máscara de proteção e repetiu que o Brasil não aguentará outro fechamento do comércio para combater o coronavírus. Sem apresentar qualquer prova ou indício de irregularidade nas eleições, Bolsonaro também disse estar conversando com líderes da Câmara e do Senado sobre a necessidade de retorno do voto impresso. Para ele, as mudanças dependem somente de um acordo entre o Executivo e o Legislativo.

"Eu ganhei em 2018 só porque tinha muito, mas muito mais votos. Tinha reclamações de que o cara queria votar no 17 (número do PSL, que à época era seu partido) e não conseguia. Vão querer que eu prove. É sempre assim. O cara botava um pingo de cola na tecla 7, um tipo de adulteração", destacou o presidente, que sempre disse ter vencido aquela disputa contra Fernando Haddad no primeiro turno. "E digo mais: a apuração tem de ser pública, e não feita por meia dúzia de pessoas. O TSE tem a obrigação de entregar os boletos de urna."

Bolsonaro chegou a ironizar a ideia do presidente de Barroso de liberar o voto por smartphones no futuro. "Alguns falam em voto por telefone. Tem gente que nunca entrou na casa dos mais humildes", disse. "Seria mais complicado porque em locais tomados por violência teriam de votar pelos indicados pela 'autoridade' local."

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Na mesma linha do pai, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defendeu o voto impresso. "Não se engane com fake news de pessoas que não desejam uma eleição mais transparente. Com o voto impresso não se leva nenhum comprovante para casa mostrando em quem você votou, ainda há como se auditar a eleição e apuração segue rápida", escreveu o deputado no Twitter. No último dia 6, o presidente do TSE chamou a proposta do voto impresso de "retrocesso". "As urnas eletrônicas são confiáveis", disse Barroso

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