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Após Aras denunciar 'caixas de segredos' da Lava Jato, procurador da força-tarefa diz que 'faltou foi transparência de Bolsonaro' na escolha do PGR

Roberto Pozzobon, do Ministério Público Federal de Curitiba, reage às declarações do procurador-geral da República que em live do Grupo Prerrogativas nesta terça-feira, 28, fustigou a investigação e disse que o 'lavajatismo vai passar'

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Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Rayssa Motta
Por Pepita Ortega e Rayssa Motta
Atualização:

O procurador da República Roberson Pozzobon, da Operação Lava Jato. Foto: Geraldo Bubniak/AGB

O procurador Roberto Pozzobon, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, reagiu às falas do Procurador-Geral da República Augusto Aras, que afirmou em live na noite desta terça, 28, que 'é hora de corrigir rumos para que o lavajatismo não perdure'. Após o PGR indicar que busca transparência no Ministério Público Federal e falar em 'caixa de segredos' da Lava Jato , Pozzobon disse que 'transparência faltou mesmo no processo de escolha do PGR pelo presidente Jair Bolsonaro'.

"O transparente processo de escolha a partir de lista tríplice, votada, precedida de apresentação de propostas e debates dos candidatos, que ficou de lado, fez e faz falta", escreveu o procurador em seu perfil no Twitter.

A procuradora Monique Checker, do Ministério Público Federal no Rio, não escreveu nada diretamente sobre as falas de Aras, mas retuitou uma postagem do senador Alessandro Oliveira. Foto: Estadão

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As declarações de Aras se deram em transmissão ao vivo realizada pelo Grupo Prerrogativas. Na ocasião, Aras afirmou ainda que listas tríplices são 'fraudáveis'e apontou que não podem existir 'caixas-pretas' no órgão.

"A meta é abrir esta instituição para que jamais se diga que esta instituição possa ter caixas-pretas. A meta é dizer: lista tríplice fraudável nunca mais, porque nós temos relatórios de perícia, um da CGU (Controladoria Geral da União), um do órgão interno e um que ainda não foi entregue pelo Ministério do Exército, que falam que eram fraudáveis. Não posso dizer fraudadas, porque o mecanismo era tão poderoso que não deixava rastros", afirmou o PGR.

Pauta dos procuradores há mais de 20 anos, a lista tríplice vem sendo ainda mais discutida desde a escolha de Bolsonaro por Aras. O procurador foi o primeiro indicado à chefia do MPF em 16 anos que não constava na lista tríplice da PGR, formulada em votação entre procuradores.

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Em maio, mais de 500 procuradores da República de todo País assinaram manifesto pedindo a inclusão, no texto constitucional, da regra de que o chefe do MPF deve ser escolhido com base em lista tríplice escolhida pelos membros da instituição, como acontece nos Ministérios Públicos de todas as unidades da federação.

O documento que defende ainda a independência do Ministério Público Federal foi divulgado em meio a elogios de Bolsonaro ao PGR. Desde que assumiu o comando do Ministério Público Federal em setembro de 2019, Aras vem tomando uma série de medidas que atendem aos interesses do presidente.

O procurador-geral da República Augusto Aras conversa com o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: Dida Sampaio / Estadão
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