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Após acusações de Moro, Alexandre blinda delegados do inquérito das fake news

Ministro do Supremo Tribunal Federal determinou que investigações sejam mantidas com os mesmos delegados e ainda deu a eles a condução de outro inquérito, que mira a participação de políticos nos atos que pediam o fechamento do Congresso

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Por Rafael Moraes Moura/BRASÍLIA e Luiz Vassallo/SÃO PAULO
Atualização:

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Após as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu nesta sexta-feira (24) blindar os delegados do inquérito das fake news, impedindo que eles sejam trocados em meio à mudança de comando da Polícia Federal. Os mesmos delegados estão conduzindo as investigações dos atos antidemocráticos do último domingo que pediam o fechamento do Congresso Nacional e do próprio STF. O presidente Jair Bolsonaro participou da manifestação em Brasília, quando atacou a "velha política" e avisou que não quer "negociar nada".

Documento

INQ 4828

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Documento

INQ 4781

"Comunique-se ao diretor executivo da Polícia Federal, em exercício, que, no âmbito da Polícia Federal, as investigações neste inquérito (que apura a autoria e o financiamento dos protestos antidemocráticos) deverão ser conduzidas pela equipe composta pelos delegados federais Igor Romário de Paula, Denisse Dias Rosas Ribeiro, Fábio Alceu Mertens e Daniel Daher, que já atuam no Inquérito 4.781 (inquérito das fake news)", escreveu Moraes, ao impedir mudança na equipe que o auxilia nos trabalhos no STF.

Ao anunciar a saída do cargo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, acusou nesta sexta-feira o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência.

O procurador-geral, Augusto Aras, pediu ao STF, uma investigação após as declarações de Moro. O objetivo é apurar se foram cometidos os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.

O inquérito das fake news é um dos que preocupam o presidente. A investigação identificou empresários bolsonaristas que estariam financiando ataques contra ministros da Corte nas redes sociais, conforme revelou o Estado.

A investigação é conduzida por Igor Romário de Paula, que integrou a Lava Jato em Curitiba, e é tido como um aliado do ex-ministro Sérgio Moro, e também Denisse Dias Rosas Ribeiro, Fábio Alceu Mertens e Daniel Daher. Em uma nova decisão, Alexandre determina que o inquérito deve continuar nas mãos destes delegados.

Já o inquérito 4828, foi solicitado pelo procurador-geral, Augusto Aras, para mirar "fatos em tese delituosos envolvendo a organização de atos contra o regime da democracia participativa brasileira". O objetivo é verificar se houve violação à Lei de Segurança Nacional nos protestos ocorridos no último domingo.

Para esta investigação, Alexandre decidiu hoje que os mesmos delegados do inquérito das fake news devem conduzi-las. Esse inquérito não mira o presidente, que também participou dos atos, mas inclui deputados em seu polo de investigados.

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O algoritmo do Supremo deixou a investigação dos atos com Moraes, mesmo relator do inquérito das fake news. "Como diria Maradona: a mão de Deus", resumiu um ministro.

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