Atualizada às 21h48
Levantamento promovido e divulgado pela Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) e pela entidade Terra de Direitos (TDD), indica que são atribuídas a ministros de Estado, secretários, presidentes de autarquias e também ao presidente Jair Bolsonaro um total de 94 manifestações de cunho racista. Destes, segundo a pesquisa, 19 foram proferidos pelo atual Presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo. Em seguida no ranking, o presidente do País, com 17 registros. O mapeamento abrange o período do início do governo Bolsonaro até 31 de dezembro de 2021.
Um dado que chama a atenção na pesquisa é a questão de gênero. De acordo com o levantamento, homens representam 96% das falas racistas. Apenas quatro mulheres dispararam discursos racistas. Todos foram feitos em 2020. Segundo a pesquisa, 39 casos tinham conteúdos de inferiorização e degradação da dignidade das pessoas. Já outros 24 discursos, negavam a existência do racismo no Brasil. Além da promoção de supremacia branca e justificação ou negação da escravidão e do genocídio. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira, 22.
O mapeamento indica que somente um político foi responsabilizado. Foi o vereador do município baiano Mucuri Jonathas Gomes de Azevedo (PROS-BA). Na situação em que foi criminalizado, o parlamentar se referiu ao deputado estadual Carlos Robson Rodrigues da Silva (PP) de "bandido", "canalha", "picareta" e "desvergonhado".
Outra constatação: os discursos racistas tiveram um aumento de 162%, de 2019 para 2020. Saiu de 16 e disparou para 42 casos. Desde o começo do governo Bolsonaro, há registros de falas discriminatórias em todos os meses analisados. Em 2021, 33% das ocorrências vieram acompanhadas de algum pedido de apuração. A pesquisa ressaltou que não foram incluídos casos configurados como injúria racial. O levantamento na íntegra pode ser lido aqui.
HISTÓRICO
Desde a campanha eleitoral de 2018, ao presidente são atribuídas frases racistas. Em 2021, ele comparou o cabelo black power de um rapaz com uma "criação de baratas". Em outra situação, em novembro de 2020, ele foi alvo de críticas após negar que a morte de um homem negro em uma unidade do supermercado Carrefour possui alguma relação com racismo.
COM A PALAVRA, O GOVERNO BOLSONARO
A equipe enviou email e ligou para a assessoria do governo, mas até a publicação deste texto não foi enviada nota sobre as menções ao presidente no levantamento. O espaço está aberto para manifestação. (jayanne.rodrigues@estadao.com).
COM A PALAVRA, A FUNDAÇÃO PALMARES
A reportagem do Estadão entrou em contato com a assessoria de imprensa da Fundação por email e telefone, mas não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, O VEREADOR JONATHAS GOMES DE AZEVEDO
O parlamentar preferiu não se manifestar sobre o caso.