Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba
O ex-deputado federal petista André Vargas (sem partido-PR) e dois de seus irmãos estiveram 28 vezes em escritórios do doleiro Alberto Youssef - peça central da Operação Lava Jato -, em São Paulo, entre junho de 2011 e fevereiro de 2014.
É o que revela documento da força-tarefa da Lava Jato com análise das visitas monitoradas nas portarias dos prédios em que Youssef tinha escritórios. Um na Avenida São Gabriel, em nome da empresa JPJPAP Assessoria e Participações, e outro na Paes de Barro, em nome da empresa GFD.
Vargas foi um dos sete presos nesta sexta-feira, na Operação A Origem - 11 ª fase da Lava Jato. Ele é suspeito de corrupção e lavagem de dinheiro em quatro frentes que envolvem contratos da Caixa Econômica Federal, Ministério da Saúde e Petrobrás. Em especial na área de publicidade.
Vargas visitou pelo menos quatro vezes o escritório que Youssef mantinha na São Gabriel, entre junho e dezembro de 2011. Neste ano, a IT7 Soluções - uma das três empresas controladas pelo ex-parlamentar sob suspeita - apresentou receita de R$ 48 milhões. Boa parte pago por órgãos de governo.
Relatório da Polícia Federal mostra que Leon Vargas, irmão do ex-deputado, preso também nesta sexta-feira, foi o que mais esteve no escritório do doleiro. Foram 18 visitas entre abril de 2013 e fevereiro de 2014.
O documento indica ainda que outro irmão, Milton Vargas, esteve seis vezes no escritório do doleiro entre maio e novembro de 2013.
Os dois irmãos de André Vargas tem relações societárias diretas ou indiretas com ele. Apenas Leon, que aparece em troca de e-mails com a contadora do doleiro, foi preso na 11ª fase da Lava Jato.
COM A PALAVRA A DEFESA
O ex-deputado André Vargas, por meio de sua defesa, nega qualquer envolvimento com irregularidades. Seus advogados querem o relaxamento da prisão do ex-parlamentar.
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