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Alvo de Alexandre, Otoni de Paula critica recuo de Bolsonaro: 'Leão que não ruge vira gatinho'

Em discurso na Câmara, deputado bolsonarista disse que 'conselheiros apequenaram' o presidente

Por Vinícius Valfré/BRASÍLIA
Atualização:

O deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) criticou o recuo do presidente Jair Bolsonaro na sequência de ameaças golpistas e ataques direcionados ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O chefe do Executivo publicou uma carta, nesta quinta-feira, 9, em que fez elogios ao magistrado e disse que suas declarações nos atos do dia 7 foram feitas "no calor do momento".

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O deputado bolsonarista, porém, não criticou o presidente. Disse que foram os "conselheiros" de Bolsonaro que o apequenaram.

"Estamos vivendo uma ditadura da toga. E o povo foi para a rua para gritar. Infelizmente, os conselheiros do presidente Bolsonaro o tornaram pequeno. Leão que não ruge vira gatinho. É nisso que estão tentando transformar o grande leão dessa República", afirmou nesta quinta-feira, 9, na Câmara.

Otoni de Paula foi alvo de mandado de busca e apreensão expedido por Alexandre de Moraes, a pedido da Procuradoria-Geral da República, em 20 de agosto. Ele e outros bolsonaristas são investigados por suspeita de articular atos violentos contra o Congresso e o STF.

O deputado participou dos atos em favor de Bolsonaro, no dia 7, no Rio de Janeiro. Apareceu ao lado de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro. Queiroz é apontado pelo Ministério Público como operador do esquema de 'rachadinha' na época que Flávio exercia mandato na Assembleia do Rio de Janeiro.

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O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ). Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Enquanto Otoni fazia seu pronunciamento na tribuna da Câmara, Jair Bolsonaro estava na transmissão ao vivo que faz semanalmente para as redes sociais. Na live, o presidente declarou que "muitos querem" uma "autorização imediata" para medidas inconstitucionais, mas que ele não vai "sair das quatro linhas" da Constituição.

Nos comentários dos canais oficiais, o presidente foi fortemente criticado. Os internautas usavam expressões como "amarelou" e "arregou" em protesto contra o aceno que ele fez a Alexandre de Moraes.

"O povo fez a sua parte. Ele não fez nada. Decepção", dizia um comentário. "Presidente, nossa parte nós fizemos no 7 de setembro. Vai continuar conversando com o STF comandando o Brasil e instalando o comunismo?", provocou outro. "Depois dessa, acho que muita gente não vai votar no senhor", escreveu um internauta.

Nesta quinta, a maior parte da estrutura e dos veículos instalados nas imediações da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi retirada. O governo do Distrito Federal segue negociando a liberação total. Na quarta, o presidente gravou um áudio dizendo que a paralisação desses profissionais prejudicava a economia e, sobretudo, os mais pobres. Havia manifestações em estradas de ao menos 15 estados.

Até antes da saída, a tensão era permanente nas cercanias da Praça dos Três Poderes. No fim da tarde, apoiadores de Bolsonaro subiram no carro de som para novos discursos com tom ameaçador.

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"O presidente Bolsonaro vai ter que dizer o que ele está querendo. Porque nós estamos dizendo o que estamos querendo", afirmou um apoiador que vestia camiseta com uma imagem do presidente sobre um cavalo.

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