Fábio Leite
05 de outubro de 2016 | 14h00
O ex-diretor da ANA, Paulo Vieira. Foto: Estadão
Alvo da Operação Porto Seguro, investigação da Polícia Federal sobre tráfico de influência e corrupção a partir do Gabinete da Presidência da República em São Paulo, o advogado e ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira foi eleito o vereador mais votado do município de Cruzeiro, no Vale do Paraíba.
Vieira, que chegou a ser preso na Porto Seguro, teve 1.699 votos (4,19% de todos os votos válidos para vereador). Ficou em primeiro entre os 10 eleitos para a Câmara de Cruzeiro, cidade com 80 mil habitantes a 220 quilômetros de São Paulo.
O alvo da Porto Seguro é do PR – mesma agremiação de seu padrinho político, o ex-deputado Valdemar Costa Neto – e foi eleito na coligação com PT e PDT.
A Porto Seguro foi deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2012. A PF fez buscas no Gabinete da Presidência em São Paulo. Na época, o cargo era ocupado por Rosemary Noronha, amiga do então ex-presidente Lula, que a colocou no posto.
Além de Vieira e de Rose, outros dezesseis investigados foram denunciados pelo Ministério Público Federal por associação criminosa, tráfico de influência, corrupção, falsidade ideológica e falsificação de documento.
Os investigadores descobriram que Vieira chegou à direção da ANA por indicação de Rose, também muito próxima do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu.
A Porto Seguro nasceu das revelações de um ex-auditor do Tribunal de Contas da União em São Paulo, Cyonil da Cunha Borges. Em depoimento à PF, Cyonil contou que Vieira pagou propina a ele para que alterasse parecer administrativo no âmbito da Corte de Contas.
Quando o ex-diretor da ANA foi denunciado à Justiça Federal pela Procuradoria da República, o criminalista Leonidas Scholz negou a prática de crimes atribuídos a Paulo Vieira.
O ex-diretor da Agência Naconal de Águas sempre negou os crimes pelos quais a Porto Seguro o levou ao banco dos réus.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.