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Alvo da Carne Fraca confessa mensalinho desde 2004

Em depoimento à PF, Luiz Alberto Patzer declarou que, durante um período, 'chegou a receber R$ 8 mil, dos quais ficava com R$ 2.500'; o restante do dinheiro, relatou, era entregue 'nas mãos' do fiscal agropecuário Juarez José Santana, preso preventivamente na operação

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Por Alexandre Hisayasu , Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

 Foto: Dida Sampaio/Estadão

O agente de inspeção Luiz Alberto Patzer, alvo da Operação Carne Fraca, confessou em depoimento à Polícia Federal que recebeu propina da Granjeiro Alimentos S.A.. Luiz Alberto Patzer declarou que os repasses em dinheiro começaram em 2004.

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A Carne Fraca afirma que Luiz Alberto Patzer 'auxilia' o fiscal agropecuário Juarez José Santana - preso preventivamente na operação - 'na sua atuação à margem da legalidade'.

"Confessa que desde o ano de 2004 até o ano de 2010, recebe mensalmente da empresa Granjeiro Alimentos valores que eram repassados a Juarez José Santana; que certa época chegou a receber R$ 8 mil, dos quais ficava com R$ 2.500; que entregava o dinheiro diretamente nas mãos de Juarez José Santana; que sempre entregou diretamente a Juarez Santana sem intermediações de terceiros", afirmou.

Luiz Alberto Patzer relatou receber 'atualmente' R$ 1 mil por mês. 

"Recebe R$ 1 mil por mês há aproximadamente 3 anos", disse à PF.

Alvo da Carne Fraca, o agente foi preso temporariamente na deflagração da operação, em 17 de março, e solto dias depois.

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Luiz Alberto Pazer declarou trabalhar na Granjeiro Alimentos, SIF (Serviço de Inspeção Federal) 4087, e ser agente de inspeção há 36 anos. O agente declarou ter começado a trabalhar no SIF 4087 a partir de dezembro de 2004. Segundo o agente, 'a empresa não tem nenhuma irregularidade'.

"Trabalha há aproximadamente 10 anos na unidade de Londrina no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento", disse, "Recebe vencimentos de R$ 12 mil bruto."

Grampo da Polícia Federal flagrou Juarez pedindo a Patzer 'para ligar numa empresa para pedir peitos de frango'. O agente de inspeção Sidiomar de Campos, afirma a Carne Fraca, 'passaria para pegar'.

"Mesmo de licença, o fiscal aceitou a incumbência e ligou na empresa pedindo caixas de filés de peito, o que foi concedido", diz a PF. "Há indícios, portanto, de que Luiz Alberto trabalhe recolhendo propina em forma de dinheiro e de produtos das empresas sob fiscalização, repassando os frutos da colheita ao chefe do setor integrante da Organização Criminosa em Londrina, no Paraná, Juarez Santana."

No depoimento, prestado em 21 de março, o agente confirmou à Carne Fraca ter recebido o pedido de Juarez José Santana de peitos de frango. Segundo Patzer, a solicitação foi feita em 14 de abril de 2016.

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"Confirma que foi Sidiomar de Campos quem buscou a encomenda; que a origem dos produtos era o SIF 4087; que acredita que Juarez José Santana tenha pedido em outras ocasiões, não sabendo, no entanto, precisar a data", relatou.

Para a Carne Fraca, Sidiomar 'é o agente que atua como executor de ordens de Juarez'. Sidiomar de Campos foi alvo de mandado de prisão temporária na operação.

Luiz Alberto Patzer contou à Polícia Federal 'que na época em que Juarez José Santana recebia do SIF, quem disponibilizava era o sócio João Welter'.

"Atualmente quem disponibiliza os valores, tanto para o declarante quanto para o fiscal Geraldo é Audrey, irmã de João Welter, responsável pelo departamento financeiro da empresa", afirmou.

"Recebe a sua "ajuda de custo" no escritório da Granjeiro que fica localizado próximo ao SIF 4087"

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A reportagem procurou o Granjeiro Alimentos S.A. por telefone e por e-mail e o advogado de Juarez Santana por telefone e mensagem de texto. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ANDERSON MARIANO, QUE DEFENDE JUAREZ SANTANA E SIDIOMAR DE CAMPOS

"Em momento oportuno, a defesa se pronunciará."

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