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Aloysio admite à PF pedido à Odebrecht e encontros com delator no Palácio dos Bandeirantes

Ministro das Relações Exteriores depôs em maio no Inquérito 4428/DF e relatou encontros na sede do governo paulista com Carlos Armando Paschoal, o 'CAP', apontado como pagador de propinas da empreiteira; leia a íntegra do depoimento de Aloysio

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Por Luiz Vassallo e Fabio Serapião
Atualização:

Aloysio Nunes. Foto: Waldemir Barreto/ Agência Senado

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), admitiu em declarações à Polícia Federal ter pedido doações para a campanha eleitoral de 2010 à Odebrecht e assumiu ainda ter se reunido no Palácio dos Bandeirantes com o delator Carlos Armando Paschoal, o CAP, que o acusa de receber R$ 500 mil em caixa 2, por meio de dois repasses.

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O depoimento, no dia 3 de maio, se deu no âmbito do inquérito 4428/DF, que o investiga por suposto favorecimento da empreiteira em obras do Rodoanel, em São Paulo. O tucano nega que nos encontros tenham sido tratadas irregularidades. O relator do caso no Supremo Tribunal Federal é o ministro Gilmar Mendes.

No último dia 24, a procuradora-geral da República Raquel Dodge pediu que Aloysio seja reinquirido no inquérito 4428/DF, inclusive sobre quem o tucano apresentou ao executivo Carlos Armando Paschoal, o 'CAP', delator ligado à Odebrecht e apontado como pagador de propinas da empreiteira.

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Benedicto Júnior, o 'BJ', ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, afirmou que os dois repasses a Aloysio se deram na campanha do tucano ao Senado, em 2010.

'BJ' diz ter sido procurado naquele ano por Carlos Armando Paschoal, o 'CAP', responsável por demandas da Odebrecht em São Paulo, com a solicitação do pagamento a Aloysio Nunes.

'CAP' é um dos 77 executivos da empreiteira que fecharam acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

"O Carlos ponderou que ele era uma pessoa proeminente do PSDB em São Paulo e que a companhia deveria fazer a doação. Eu autorizei", diz 'BJ'. O delator diz que não tem ciência de demandas levadas a Aloysio Nunes pela empreiteira.

Carlos Armando Paschoal, no entanto, relata na delação que, na época em que foi procurado por Aloysio - então chefe da Casa Civil do governo de São Paulo - , a Odebrecht estava em negociações com a Dersa sobre aditivos contratuais na obra do Rodoanel.

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A Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) é uma empresa de economia mista, controlada pelo Estado de São Paulo.

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Aloysio Nunes afirmou à PF que, na época em que ocupava a chefia da Casa Civil, no governo José Serra (2007/2010), foi procurado por 'CAP' para tratar de assuntos relacionados à obra do Rodoanel Sul e que 'não sabe precisar quantas vezes se encontrou (com o delator) no Palácio dos Bandeirantes'.

O tucano relata que 'iniciou a arrecadação de recursos para sua campanha de 2010, cujo coordenador financeiro era Rubens Rizek, responsável por procurar 'possíveis doadores, pessoas físicas e jurídicas' para arrecadar recursos.

O ministro afirma que entre as diversas empresas que procurou, uma delas é a Odebrecht. Aloysio diz ter se reunido com representantes da Odebrecht em seu comitê eleitoral, mas diz não ter solicitado valores específicos.

Aloysio alega ter se encontrado também com outros empresários para tratar da obra que, segundo ele, teve vários problemas em razão de sua 'alta complexidade' e de problemas financeiros causados por desapropriações, questões ambientais, e o regime jurídico dos contratos.

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 Foto: Estadão
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