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Aliados de Bolsonaro na mira da PF por fake news vão às redes contra 'ditadura do Supremo'

De ativista a ex-deputado, apoiadores do presidente foram alvos de busca e apreensão em inquérito que apura ameaças, ofensas e notícias falsas contra ministros do STF

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Por Rayssa Motta
Atualização:

Um grupo heterogêneo de aliados bolsonaristas é alvo, na manhã desta quarta-feira, 27, de uma operação da Polícia Federal deflagrada por ordem do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do 'inquérito das fake news', que investiga ameaças, ofensas e notícias falsas disparadas virtualmente contra os integrantes da Corte e seus familiares.

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A PF cumpre 29 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), ao deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), ao blogueiro Alllan dos Santos, ao empresário Luciano Hang, a ativista Sara Winter, o humorista Rey Bianchi e a outros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

O grupo, muito ativo na internet, foi às redes sociais se manifestar contra o STF e denunciar uma suposta politização da Corte.

O deputado estadual Douglas Garcia durante votação orçamentária na Alesp. Foto: Alex Silva / Estadão

Em sua conta no Twitter, o deputado paulista Douglas Garcia publicou um vídeo em que diz sofrer "perseguição no inquérito inconstitucional estabelecido pela ditatoga com o intuito de criminalizar a liberdade de expressão e a atividade parlamentar".

O parlamentar pediu ainda que o Senado se manifeste diante do "terrorismo de Estado propagado pelo STF através do inquérito inconstitucional".

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A ativista bolsonarista Sara Winter. Foto: Instagram / Reprodução

A ativista conservadora Sara Winter teve celular e computador apreendidos na ação. Nas redes sociais, ela criticou o ministro Alexandre de Moraes. "Comprovou que está a serviço de uma ditadura do judiciário", escreveu em sua conta no Twitter.

Em transmissão ao vivo nas redes, o blogueiro Alllan dos Santos classificou o processo como inconstitucional, se referiu aos integrante do Supremo como "patetas" e criticou diretamente Alexandre de Moraes. "Tem que rir da cara desses patetas, continuar rindo da cara deles. Eles querem intimidar: 'cuidado, eu tenho poder policial'. Você não tem poder nenhum, você tem a letra da lei", criticou Santos. "Qual o poder que Alexandre de Moraes tem? Ele vai deixar de ser ministro da Suprema Corte e vai ser lembrado como o homem que envergonhou a história da Suprema Corte brasileira. Ele vai ser conhecido mundialmente como o ministro brasileiro que agiu como um ministro do Kim Jong-un [líder norte-coreano], do Xi Jinping [presidente da China], um ministro de Cuba ou do [Vladmir] Putin, da Rússia. Ele destruiu a honra da Suprema Corte".

Allan dos Santos, blogueiro do site Terça Livre, foi alvo de mandado de busca expedido pelo ministro Alexandre de Moraes no último dia 27 e disse ter recebido visita da corporação sobre intimação para prestar depoimento nos próximos dias. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Apesar de não ser alvo da operação de hoje, o filho 02 do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), classificou o inquérito como "inconstitucional, político e ideológico". Carlos lidera o chamado "gabinete do ódio", departamento que funciona no terceiro andar do Planalto, ao lado da sala do presidente, onde atuam assessores responsáveis pelas redes sociais pessoais de Bolsonaro.

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson Foto: JF DIORIO/ESTADÃO

Um dos mais novos aliado de Jair Bolsonaro, o ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, teve computadores e armas apreendidos pela Polícia Federal na manhã de hoje. Ele se referiu ao STF como "tribunal do Reich", em referência à Alemanha nazista. "Atitude soez, covarde, canalha e intimidatória, determinada pelo mais desqualificado Ministro da Corte", escreveu.

No início do mês, Jefferson já havia defendido que Bolsonaro "demitir e substituir os 11 ministros do STF", o que é inconstitucional. Os ministros da Corte, assim como o presidente, só podem ser destituídos dos cargos em caso de condenação por crimes de responsabilidade, em processo que correria no Senado Federal.

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Assim como os outros alvos da ação de hoje, o empresário Luciano Havan, um dos financiadores da campanha bolsonarista, também teve celular e computador apreendidos. Ele é suspeito de patrocinar o disparo de notícias falsas contra os ministros do Supremo. "Jamais atentei ou fiz fake news contra o STF. Dessa forma, entregando o meu celular, entregando o meu computador pessoal, vai estar tudo esclarecido", disse aos seguidores em vídeo publicado no Twitter.

A Polícia Federal também foi ao apartamento do humorista Rey Bianchi. Em vídeo gravado pelo próprio comediante, ele mostra mostra o mandado judicial recebido e afirma que os agentes foram até ele para prendê-lo. "A mando do STF, pasmem, a Polícia Federal foi na minha casa para me prender! Acham que fiquei com medo? Sou honrado, íntegro e a Verdade está ao meu lado! Pra combater a corrupção, a injustiça, contem comigo! E não, não fui preso", postou.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) não está entre os alvos da operação de hoje, mas é alvo da mesma investigação sigilosa que desencadeou a operação de hoje. Ela criticou a ação da Polícia Federal nas redes sociais e afirmou que o inquérito é "ilegal e inconstitucional".

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