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Vaivém no TSE: Alexandre muda decisão e libera propaganda do governo sobre 200 anos da Independência; gabinete fala em 'erro'

Em novo despacho, presidente do Tribunal Superior Eleitoral afirma que data tem 'importância histórica' e que governo conseguiu demonstrar 'viés educativo e informativo' da campanha

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Por Rayssa Motta/São Paulo e Weslley Galzo/Brasília
Atualização:

Ministro Alexandre de Moraes barrou propaganda sobre os 200 anos da Independência. Foto: Wilton Júnior/Estadão

Duas horas após a publicação de uma decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, proibindo a veiculação de campanha do governo Jair Bolsonaro sobre o bicentenário da Independência, o gabinete do ministro divulgou um novo despacho em que libera a divulgação da peça publicitária. Servidores que trabalham com Moraes argumentaram que, "aparentemente", houve erro no lançamento da decisão, que foi corrigido.

Documento

A nova decisão

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As duas decisões divergem completamente entre si. No primeiro despacho, Moraes disse que a campanha do governo Bolsonaro tem "viés político" e que a propaganda institucional não pode fazer "promoção pessoal". Já na nova decisão, o ministro afirma que a propaganda pode ir ao ar por causa da "importância histórica da data". Ele também afirma que o governo conseguiu demonstrar o "viés educativo e informativo da campanha".

Moraes fez apenas uma ressalva. O ministro determinou a retirada de um trecho em que Bolsonaro defenderia que a luta pela Independência deve ser levada "para o nosso cotidiano, para a proteção das nossas famílias e sobretudo, para a construção de um Brasil melhor a cada dia".

Bolsonaro em discurso durante manifestação na Avenida Paulista no dia 7 de Setembro de 2021. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Em sua primeira decisão, Moraes dizia ainda não havia "urgência" no lançamento da campanha e que seria "plenamente possível" iniciar a comemoração depois do segundo turno das eleições.

"Inegável a importância histórica da data, em especial para comemorações dada a dimensão do país e seus incontáveis feitos durante esse período de independência, entretanto, imprescindível que a campanha seja justificada pela gravidade e urgência, sob pena de violação ao princípio da impessoalidade, tendo em vista a indevida personificação, no período eleitoral, de ações relacionadas à administração pública", acrescentou o ministro.

Quando a primeira decisão veio a público, Bolsonaro chegou a dizer que "ordem absurda não se cumpre". A declaração foi dada em entrevista ao programa ao Pânico, da Jovem Pan. O presidente também usou as redes sociais para dizer que o "verde e amarelo" é uma "identidade" dos brasileiros e não da candidatura.

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A Lei das Eleições proíbe a publicidade institucional no período de campanha. A exceção é para casos de "grave e urgente necessidade pública". Por isso, as propagandas devem passar antes pelo crivo da Justiça Eleitoral.

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Moraes já havia proibido um pronunciamento do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, em rede nacional, para lançar a campanha de imunização contra a poliomelite e de multivacinação. O ministro entendeu que a mensagem não estava "restrita ao objetivo educacional da campanha".

Compare as decisões do ministro:

 

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