Rayssa Motta
28 de junho de 2022 | 21h39
Oposição quer investigação para saber se o presidente Jair Bolsonaro vazou informações de investigação ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Foto: Valdenio Vieira/PR
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu prazo para a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar sobre o pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para investigar se o presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu no inquérito sobre o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação (MEC) e vazou informações ao ex-ministro Milton Ribeiro.
O parlamentar, que é líder da oposição no Senado, pede a investigação do presidente por indícios dos crimes de violação de sigilo e de obstrução da justiça.
Moraes despachou no inquérito aberto quando o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu exoneração acusando Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal (PF) para blindar familiares e aliados de investigações. O delegado responsável pelo caso concluiu que o presidente agiu nos limites de suas atribuições e não cometeu crime ao promover mudanças em postos de comando na corporação.
A ministra Cármen Lúcia, relatora da investigação sobre o gabinete paralelo, também pediu um parecer da PGR sobre a situação do presidente. O caso havia descido para primeira instância depois que Milton Ribeiro deixou o governo e perdeu o foro por prerrogativa de função, mas foi enviado de volta ao STF diante das suspeitas de interferência de Bolsonaro.
O presidente foi poupado inicialmente do inquérito. Ao abrir a investigação, em março, a PGR disse que não via indícios para incluí-lo no rol de investigados. O status de Bolsonaro pode mudar por causa de uma conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal. Na ligação, Milton Ribeiro indicou ter sido alertado pelo presidente sobre o risco de abrirem buscas contra ele. “Ele (Bolsonaro) acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa”, afirmou o ex-ministro da Educação.
O delegado federal Bruno Calandrini, responsável pela investigação, disse acreditar que houve vazamento do inquérito. Para o delegado, as conversas interceptadas “evidenciam” que Milton Ribeiro “estava ciente” de que seria alvo de buscas.
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