PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Afinal, qual é o propósito do ESG?

Por André de Oliveira e Cristiana Xavier de Brito
Atualização:
André Oliveira e Cristiana Xavier de Brito. FOTOS: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Muito se tem falado sobre ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) e de como estes princípios podem e devem impactar o desempenho das empresas. O tema tem ganhado força dentro das companhias e entre os investidores, mas se analisarmos profundamente, o conceito não é exatamente novo. Ao longo dos últimos anos, diversas empresas já vêm trabalhando de forma consciente visando gerar resultados sustentáveis, tendo em mente os impactos positivos que podem ser proporcionados para a sociedade nas quais estão inseridas.

PUBLICIDADE

É o que alguns têm chamado de "capitalismo consciente", ou seja, uma maneira possível de aliar companhias rentáveis, mas com significado e propósito para todos. É fato que, no último ano, com a pandemia do coronavírus, essa discussão se acirrou ainda mais no mundo corporativo. Levantamento recente realizado com 5 mil empresários em 19 países apontou que 89% deles enxergavam o ESG com um papel fundamental em suas companhias. O estudo, realizado pela Grant Thornton, uma das maiores empresas de auditoria do mundo, mostra que o compromisso com o termo está além do discurso, já que essas práticas também podem render bons dividendos.

Empresas listadas para realizar IPOs reforçam esses princípios e o tema ganhou visibilidade em diversos fóruns públicos e privados. Mas nesse momento, é importante fazer alguns questionamentos: como este conceito realmente tem sido aplicado com eficácia pelas empresas? E, até que ponto o ESG integra apenas o discurso das companhias no país?

As empresas seguem tendo como prioridade bons resultados, e estão atentas dentro do seu segmento. No entanto, em qualquer área de negócio, as metas podem e devem ser atingidas de forma responsável e sustentável. Vivemos condições bastante voláteis e desafiadoras no segmento corporativo. Nesse contexto, é ainda mais importante pensarmos no caminho (como) e não apenas no fim (resultados). Em um universo com um ritmo de mudanças extremamente ágil, precisamos estar em constante evolução e aprendizado.

Vamos tomar como exemplo a Governança. As empresas que investem em estratégias ESG promovem uma governança com viés social, econômico e ambiental totalmente alinhada ao seu propósito, mas entendem que não é uma fórmula única, como uma cartilha a ser seguida, e sim um processo, que deve ser revisado e revisitado com frequência.

Publicidade

Este, na verdade, é o grande segredo: hoje, não é mais possível conceber companhias transparentes sem altos padrões de ESG, que precisam ser atualizados com certa periodicidade. Esse cenário evidencia o quão importante é nosso papel como uma empresa sólida do setor: servir de exemplo para a evolução dessa consciência social. Precisamos estar atentos ao legado que estamos construindo, pois não podemos ignorar que temos um papel transformador.

A pandemia também evidenciou, de forma muito contundente, a importância das pessoas dentro das corporações. A troca de experiências se faz ainda mais necessária, o que explica também a assinatura conjunta nesse artigo. Ambientes diversos são mais produtivos, equipes múltiplas geram melhores resultados e diferentes conhecimentos promovem um legado sólido e capaz de ser reproduzido por gerações.

Nós temos participado ativamente deste processo ao longo de toda nossa carreira. Acompanhamos o desenvolvimento dos pilares do ESG em todas as frentes possíveis, e podemos dizer que estamos sim, em um momento muito decisivo, mas que ainda existe muito espaço para avançar.

Neste momento, em que muitos olhos estão voltados para a importância da implementação efetiva dos princípios ESG, é necessária atenção redobrada para diferenciar o discurso da prática. Precisamos cada vez mais reforçar e mostrar que nossas ações são comprometidas com a preservação ambiental, desenvolvimento sustentável, e principalmente que são duradoras, de longo prazo.

*André Oliveira, diretor jurídico e Chief Compliance Officer da Basf; Cristiana Xavier de Brito, diretora de relações institucionais, sustentabilidade e comunicação corporativa da Basf para América do Sul, presidente do conselho administrativo da Fundação Espaço ECO e conselheira da Aberje. Ambos fazem parte do Comitê Executivo e do Comitê de Sustentabilidade da Basf e são conselheiros do Comitê da Rede Brasil do Pacto Global

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.