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Afinal, para que serve o Clubhouse?

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Por Lais Macedo
Atualização:
Lais Macedo. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Grupos de Whatsapp a mil, uma chuva de stories e posts. E por incrível que pareça, convites vendidos pela internet. Sim, estou falando do fenômeno Clubhouse. A expressão "cheguei e era só mato", passou a ser utilizada por muitos de nós, entusiastas, que ali chegavam totalmente perdidos. Uma ferramenta simples e intuitiva, mas no início, todo mundo com licença poética para muitas gafes.

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Bom, e lá vamos nós. Nos meus primeiros cinco dias, passei mais de 40 horas dentro da plataforma. As pendências do trabalho acumularam e virei noites para resolver o problema que eu mesma causei. Também dediquei um final de semana todo nessa imersão. E agora, com um repertório de dias e dias de Clubhouse, venho compartilhar minha experiência.

Para as marcas, o Clubhouse é uma oportunidade de participar de conversas que se conectam com os anseios do seu público-alvo. De forma sutil, mas mostrando relevância. E humanizando-se por meio da inserção de porta-vozes da empresa como influenciadores realmente relevantes para os seus setores de atuação.

E para ser relevante, é preciso trazer temas que realmente engajem o público do Clubhouse. Para mim, as salas que sempre apareceram como recomendação estavam relacionadas aos temas que me conecto, como empreendedorismo, liderança, empoderamento feminino, conexões, mercado e negócios. Mas também vi muitas salas fortíssimas falando de temas mais leves, como o Big Brother Brasil.

Esse é outro ponto que me intriga: os influenciadores. Há quem acredite que aqueles que influenciam em outras plataformas terão o Clubhouse como mais um ambiente, mas aposto, e não sozinha, em uma oportunidade para novas vozes, mesmo porque agora a cena muda. No LinkedIn ou posts no Instagram, por exemplo, você pode terceirizar, preparar um texto bem argumentado e postar, validando ali sua possível autoridade. Já no Clubhouse isso não é possível, diante do cenário imediato com o ao vivo e pessoas desconhecidas orbitando um mesmo tema e ambiente, em jogos espontâneos de perguntas, respostas, comentários e confrontos.

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A plataforma terá seu destino realmente formatado quando os usuários de Android estiverem nela, mas já é possível perceber que o número de salas simultâneas é maior e a audiência, agora pulverizada, é menor. Ou seja, temas cada vez mais nichados e novas vozes despontando.

Observei salas que pareciam palestras, e daí nasceu a ideia do Networking Brasil, uma sala com frequência diária, com o objetivo de proporcionar fala a todos que quisessem se apresentar. Com uma bio sempre destinada a uma apresentação inicial da sua vida profissional, esse sempre foi o ponto de partida para as nossas apresentações, sempre seguidas de algum momento de descontração. Alguns dias depois e mais de 400 speakers já falaram na nossa sala.

O ambiente na busca por fala segue acirrado, embora o Clubhouse também nos convide a exercer um precioso poder de escuta. Transitei por vários temas e aprendi muito nos últimos dias, embora tenha realmente dedicado tempo a algo principal: construção de autoridade.

Outro ponto que se discute bastante é sobre o quanto a plataforma é ou não inclusiva. O resultado: estamos vendo muitos pontos positivos em oportunidades, por exemplo, para os deficientes visuais, dado que tudo que existe lá é uma única foto, todo o restante se baseia em áudio. Inclusive, na nossa sala diária, é padrão que se faça sempre, antes de qualquer fala, uma auto descrição da sua foto.

Um importante movimento que tenho conduzido com outras lideranças femininas é a inclusão de mulheres na plataforma. Da prioridade do envio dos nossos convites, liberados esporadicamente pela plataforma, à sala onde a pauta é a jornada da mulher no Clubhouse. Compartilhamos dicas e  fortalecemos essas mulheres para que elas passem a protagonizar seus espaços.

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Um fator limitante para essas mulheres se posicionarem em um lugar de fala, tanto no Clubhouse quanto nas outras plataformas, muita vezes está relacionado ao receio de falta de audiência. E isso é muito interessante no Clubhouse, porque hoje você chega lá e tem o mesmo número de seguidores que o Luciano Huck, que também acabou de chegar.

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E mesmo que daqui a pouco isso mude, precisamos chegar nessa plataforma com uma nova consciência: o que realmente importante é o impacto que causamos, a influência, assim a audiência se torna secundária. Se você falou para dez pessoas e tocou uma delas, pronto, você influenciou, e assim vamos crescendo nossa voz e possibilidade de impacto.

Como vamos escalar a plataforma, até onde ela é capaz de ir, quanto ela pode agregar valor para as marcas, quais são os movimentos que manterão esse fiel (e agora viciado público) priorizando o Clubhouse à Netflix e Instagram? Veremos! É a resposta que todo mundo quer agora e, acredite, estamos procurando isso em salas com essa pauta no Clubhouse, claro.

*Lais Macedo, CEO do Lide Futuro

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