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Advogados de réus da Lava Jato aguardam decisões do Supremo sobre competência de Curitiba e suspeição de Moro para calcular próximos passos

Tribunal terá discussões decisivas para estratégias de defesa de investigados pela força-tarefa de Curitiba

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Por Rayssa Motta
Atualização:

Os desdobramentos da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou os processos e condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato em uma tentativa de blindar as demais ações abertas na esteira da operação, ainda estão sendo desenhados.

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Enquanto o tribunal se prepara para julgar o recurso da Procuradoria Geral da República, que pede a derrubada da ordem monocrática no plenário, as bancas de advocacia responsáveis pela defesa de outros réus em processos abertos a partir das investigações da força-tarefa de Curitiba acompanham atentamente e com cautela o desenrolar do caso na Corte.

Na última segunda-feira, 8, Fachin redirecionou as ações penais envolvendo o ex-presidente de Curitiba para o Distrito Federal. O ministro considerou que, como as denúncias extrapolam o escândalo de corrupção na Petrobrás relevado pela Lava Jato, o juízo de Curitiba não tinha competência para julgar e processar os casos do triplex do Guarujá, sítio de Atibaia, sede do Instituto Lula e doações da Odebrecht.

Caso seja mantido, o precedente pode provocar um esvaziamento da Vara Federal do Paraná, onde ainda há dezenas de ações penais pendentes, para julgar os casos da operação e um efeito cascata com a anulação de antigas condenações proferidas pelo juízo. Os beneficiados diretos tendem a ser os réus condenados ao lado de Lula nos casos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, incluindo o empresário Emilio Odebrecht.

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Centrão elabora PEC para garantir ao Congresso poder revisor sobre as decisões do Supremo Tribunal Federal. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em outra frente, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal discute a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro em um recurso apresentado pela defesa de Lula. O julgamento vale para o caso do triplex do Guarujá, que levou o petista à prisão e impediu sua participação na disputa eleitoral de 2018, mas também está no radar dos criminalistas que defendem outros réus da Lava Jato, sobretudo correligionários do ex-presidente. Os advogados avaliam medidas judiciais a depender do resultado do tribunal.

O advogado Michel Saliba, defensor de quatro investigados na Lava Jato, disse ao Estadão que aguarda o término da análise do habeas corpus. Desde que as mensagens hackeadas da força-tarefa começaram a ser divulgadas, ainda em 2019, na série de reportagens conhecida como 'Vaza Jato', liderada pelo portal The Intercept Brasil em parceria com outros veículos de imprensa, o criminalista endossa o coro pela declaração de parcialidade de Moro.

"Aguardei muito tempo para que a verdade viesse à tona e fosse reconhecida por uma decisão judicial. Aguardarei o término do HC que está sendo analisado neste momento", disse.

O advogado Luis Flávio Borges D'Urso, que defende o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), João Vaccari Neto, já começou a se movimentar e pediu ao Supremo para acessar as mensagens da Operação Spoofing liberadas a Lula. O pedido foi negado liminarmente pelo ministro Ricardo Lewandowski. D'Urso explicou ao blog que aguarda o compartilhamento do material para decidir os próximos passos da estratégia de defesa. "Mas o acesso é indispensável, pois se trata do exercício da ampla defesa", pontuou.

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